domingo, 30 de março de 2014

(2014/100) Sobre dois tipos de pessoas que revelam-se vaidosas e de ego inflado - ou seria sobre como nós lidamos com eles?


(Reação a um post coloquial de meu amigo Haroldo Reimer)


Uma coisa é o cara ser bom, bom, não, muito bom, excepcional, e, sabendo, inflar-se de orgulho e vaidade, tornar-se um tanto quanto esnobe e soberbo... Aí, nós, mortais, mas igualmente vaidosos, nos ressentimos do ego inflado do cara, ficamos aborrecidos, chateados, provocados, e, então, fazemos discursos contra a vaidade e o ego - mas é preciso lembrar que, não fora nosso ego e vaidade, não nos sentiríamos provocados e humilhados pela vaidade e soberba alheia: todavia, ela nos afeta, porque nos diminui, e, diminuídos, soberbos, desgostamos da coisa...

Outra coisa é o sujeito ruim, ruim, não, zé arruela, uma porcaria de fazedor da coisa, abaixo da crítica, de dar pena e dó - e, todavia, se acha... Aí, meus amigos, que dizer?, que fazer com uma tralha dessas?, uma tranqueira desqualificada dessas?

O vaidoso e soberbo que tem razão de ser vaidoso e soberbo, bem, resolvamos nossos próprio problema de vaidade afetada, de auto-bajulação afetada e aprendamos a admirar, independentemente de seu ego inflado, aquele que faz bem o que faz... Mas o zé mané que sequer dar um passo sabe e, todavia, banca o corredor de maratona, bem, nesse caso, acho que temos licença para dar uma risada de escárnio...






OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/099) Poeira em rodapés, duendes e tipo ideal - uma provocação


Um duende cuja função é a de pôr poeira nas seções superiores dos rodapés e que o faz com tamanha racionalidade e eficiência, especialmente no esconder-se de nós e de nossos cães, é um exemplo de tipo ideal?

Vejam que, com esse exemplo eu quero apenas chamar a atenção para o fato de que se espera dele uma "compreensão" não-causal, mas uma compreensão compreensiva apenas do... do que mesmo?

Lembrem-se, ainda, de que não há exemplos de tipos ideais - porque eles não se deduzem nem induzem da realidade - são apenas instrumentos de compreensão compreensiva, por favor...

No exemplo não exemplificável com que tentei exemplificar o tipo ideal, servi-me da criatura que a mitologia nórdica emprega com muita propriedade - personagem - e o fato de acumular-se poeira em nossos rodapés - função. Assim, criei o tipo ideal do duende que acumula poeira em nossos rodapés...

É uma forma de lidar com o fato de que há poeira lá...








OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/098) Sobre ser cúmplice e ser vítima do diabo - as duas plataformas do discurso evangélico


Até o advento em massa das igrejas de exorcismo, a plataforma operacional da instrumentalização do discurso do diabo era o de cumplicidade. Os pastores, as pastoras e os teólogos municiavam-se da retórica de que o povo se entregava às tentações do Satanás, fazendo-se cooperadores dele na obra de aviltar ainda mais a já aviltada criação. Cada evangélico era um culpado, um criminoso, um agente da progressão do mal na terra - cada culto, mais uma pedra lançada à cara do culpado, e uma ou duas doses de cachaça...

Quando surge o movimento - em massa - das igrejas de exorcismos, muda o discurso. O crente não é mais culpado - é vítima. O diabo passa a ser uma espécie de encosto, que, agarrado à vida da pessoa, não a deixa progredir, curar-se, libertar-se. Já não se fala ais de perdão, mas de libertação. Voltou-se àquela única descrição do ministério terreno de Jesus descrita em atos: ele andou libertando os oprimidos do diabo...

Trata-se de uma mudança muito grande, muito relevante - é impossível que ela não tenha conseqüências a médio e longo prazo na formatação do ethos evangélico.






OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/097) Quem disse que eu descreio de milagres?


Duas regras que eu costumo seguir:


a) não descreio de milagres;
b) descreio de tudo e qualquer coisa que me apontem e digam: "milagre"...

Milagre, para mim, é tudo aquilo que (ainda) não tem explicação - quando um santarrão qualquer, de qualquer fé, explica que a coisa foi feita pelo deus xis ou xis mais um, já fecho a cara...







OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/096) Listen - Paul Bryan

Listen, listen I don't know when it begun And i don't know how you appeared And changed my plans, all my plans Listen, listen For awhile i lost my chance To walk on against the wind And never stop, no stops But i don't know i'd reather change my life Or walk alone and never love But i don't know i'd reather change my life Or walk alone and never love Listen, listen For awhile i lost my chance To walk on against the wind And never stop, no stops But i don't know i'd reather change my life Or walk alone and never love But i don't know i'd reather change my life Or walk alone and never love






OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/095) Quando a fé é uma depravação ética


Você realmente acha que a sua fé é uma boa fé, mesmo que ela impeça você de admitir que a fé de todas as pessoas é igual à sua?

Se a sua fé impede você de admitir que a fé de todas as pessoas é igual à sua, então a sua fé é uma depravação ética e você vai se tornando igual a ela...






OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/094) A felicidade é - mesmo - como uma borboleta...?


Não acho que seja assim - acho que é um pouco relaxar e um pouco correr atrás. Não acho que a estratégia seja ou uma ou outra atitude, mas a dose adequada de ambas...










OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/093) Mas truques se fazem desde sempre...


O honestíssimo Pastor Adélio revela os truques da Pastora Elizabete. Truques fajutos, mas que enchem a igreja...

Truques é o que há nesse circo de Jesus...

O mais famosos deles - e aquele a que até Deus já se acostumou, é a leitura dos textos sagrados...

Sim - truque. Fajuto.

Veja, a Pastora toma o chiquetinho na mão e faz de conta que ele sai do olho da Consuelo de Jesus. Faz uma encenação e - aleluia! O chiclete estava o tempo todo da mão dela - e, ao final da mágica, virou um câncer curado...

Ora, a interpretação dos textos é assim também.

É na mão, no olho do pregador e da pregadora que está o sentido. Cada pastor e pastora, de cada denominação, cada um pregando uma coisa diferente - do mesmo texto! - vai ao texto (com seu chicletinho de sentido na mão) e faz de conta que o sentido está lá...

E isso, diante dos olhos de todo mundo - até de gente diplomada!

No fundo, é sempre o mesmo mecanismo - mas uns mecânicos gostam de criticar os outros mecânicos, provavelmente com medo de perder cliente. O que passou a vida roubando a vida do outro, fica com raiva porque o pastor do lado está a tirar trocados dele. E o que passou a vida fazendo de conta que explicava a Bíblia, fica com raiva da pastora que faz de conta que cura...

Quando "eu" faço, é de Deus.

Quando a outra faz, é do diabo.

Mas o truque é exatamente o mesmo...

E os enganados, também...








OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/092) Não é que eu seja estraga-prazer, é apenas que eu olho à minha volta


Eu juro para vocês que gostaria de admirar a "fé" evangélica - mas não a admiro nem um pouco. Gostaria de ver as pessoas celebrando sua fé e sentir-me feliz com isso - mas, confesso, não me sinto, não.

Por quê?

Há quem dê dezessete mil explicações. Mas a que deveria dar, não dá, porque ela faria com que - imediatamente - me fosse dada razão...

É que a fé evangélica é um tipo de fé que se nutre da demonização necessária das outras fés. Tudo o que ela quer para si, ela não quer para as outras fés. Ela sequer se alegra com a saúde do outro, se essa saúde vem, para o outro, de outro deus - se não for dito que a saúde vem do mesmo deus da fé evangélica, esse evangélico chega a odiar a saúde e a desejar a doença da pessoa...

É uma fé que se nutre da negação do valor das outras fés. É uma fé buraco-negro, egoísta, narcisista, má, doentia, que não consegue abrir-se para a fraternidade - apenas para a reprodução de si mesma, vírus da febre, em todas as pessoas.

É uma fé insensível, irrefletida, indecente - que se nutre da absoluta falta de ética de quem a maneja, capaz de olhar nos olhos de uma pessoa que tenha crença distinta e tratá-la com a máxima condenação.

Assim, não me alegram os cultos, as orações, os jejuns, as festas, as celebrações - não, não me alegram. Sinto horror na alma, vergonha, tristeza - porque as pessoas que se entregam a essa fé, da forma como ela é vivida e experimentada, converte-se em uma espécie de coisa-não humana, em uma placa de ferro, morta por dentro, incapaz de experimentar alteridade, de diálogo, de fraternidade incondicional.

Por isso, não me alegro.

Por isso, espero o dia em que - ele vira? - essa fé se desmonte inteira e se transforme em outra coisa, uma relação de fraternidade com todos e todas, independentemente de credo, deus, doutrina, mito. O dia em que os religiosos evangélicos entenderão o farisaico buraco em que se enfiaram, o inferno em que se meteram, sem se dar conta...

Aborrecem o irmão todos os dias, mas acham que amam a Deus...

Ah, é, não consideram irmãos ninguém que não repita seus mitos...

Mas rangerão os dentes, no dia em que descobrirem que eram irmãos de todos os hereges...

Espero não ser tarde para sua alma.







OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/091) A Vida é dispêndio

A Vida e as redes sociais, o dia a dia, a sociedade...


1000 tartaruguinhas, para 1 sobreviver...

10.000 palavras e, quando muito, uma presta...









OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/090) Enquanto ele crer, fará sentido


É sempre assim, porque é assim que funciona: enquanto ele crer, fará sentido - nada há que se possa dizer, revelar, mostrar, nada, nem na História, nem na Psicologia, nem na Antropologia - nada. A fé já vem vacinada e com dezesseis saquinhos de anti-corpos...

Mas um dia, por qualquer razão, ele arranha a face da crença e nasce, lá, um pequeno vermelho, uma brotoeja de dúvida - e ela coça! Se ele coçar, pronto, lentamente, às vezes, na velocidade da luz, outros dias, sob o próprio peso a crença se esboroa como monte de areia, e nada mais faz sentido, nada - nem que lhe enfiem trinta e sete rosários nos ouvidos ou quinze Institutas nas retinas...

O sentido não está na crença, mas na hipnose de crer, no desejo de acreditar - e só...

Por isso ele vê todos os defeitos e todas as contradições em todas as outras fés - menos na dele. Para a própria fé, todo crente é cego.








OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/089) Quanto o assunto de um texto é ele mesmo

Há muitos textos assim - seu conteúdo é apenas ele mesmo, ele, o texto, na sua narcisística expressão de ser e nada além dele...São como vórtices de pia,a sugar para si - e apenas para si - tudo que puderem...


[VEREIS QUE O POEMA CRESCE INDEPENDENTE]
(Jorge de Lima)
(De Livro de Sonetos (1949)

Vereis que o poema cresce independente
e tirânico. Ó irmãos, banhistas, brisas,
algas e peixes lívidos sem dentes,
veleiros mortos, coisas imprecisas,

coisas neutras de aspecto suficiente
a evocar afogados, Lúcias, Isas,
Celidônias... Parai sombras e gentes!
Que este poema é poema sem balizas.

Mas que venham de vós perplexidades
entre as noites e os dias, entre as vagas
e as pedras, entre o sonho e a verdade, entre...

Qualquer poema é talvez essas metades:
essas indecisões das coisas vagas
que isso tudo lhe nutre sangue e ventre.








OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/088) Jacó, Labão e o rolo das duas esposas - sátira adorável de

Que sujeito criativo esse Juó Bananére...

Sunetto Crassico
Juó Bananére

Sette anno di pastore, Giacó servia Labó,
Padre da Rafaella, serrana bella,
Ma non servia o pai, chi illo non era trosa nó!
Servia a Rafaella p'ra si gazá c'oella.

I os dia, na esperanza di un dia só,
Apassava spiano na gianella;
Ma o paio, fugindo da gumbinaçó,
Deu a Lia inveiz da Raffaela.

Quando Giacó adiscobri o ingano,
E che tigna gaida na sparrella,
Ficô c'un brutto d'un garó di arara

I incominció di servi otros sette anno
dizeno: si o Labó non fossi o pai della
Io pigava elli i lí quibrava a gara.

Jacó e Labão, com usas duas filhas
(Claude Lorrain)






OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/087) Astronomia, estúpido!

Divertida paródia do clássico de Olavo Bilac, escrita por Juó Bananère.

Uvi strella
Juó Bananère

Che scuitá strella, nê meia strella!
Vucê stá maluco e io ti diró intanto,
Chi p'ra iscuitalas moltas veiz livanto,
I vô dá una spiada na gianella.

I passo as notte acunversando c'o ela.
Inguante che as outra lá d'un canto
Stó mi spiano. I o sol come un briglianto
Nasce. Oglio p'ru ceu: — Cadê strella!?

Direis intó: Ó migno inlustre amigo!
O chi é chi as strellas ti dizia
Quando illas viero acunversá cuntigo?

E io ti diró: - Studi p'ra intendela,
Pois só chi giá studô Astrolomia,
É capaiz di intendê istras strella.







OSVALDO LUIZ RIBEIRO

sábado, 29 de março de 2014

(2014/086) "Os Maridos das Outras" e "As Mulheres dos Outros" - Si Menor responde a Miguel Araújo Jorge

Porque a batalha é longa, é civilizatória...

:)

Vento que venta lá...



Os Maridos Das Outras
(Miguel Araújo Jorge)

Toda a gente sabe que os homens são brutos
Que deixam camas por fazer
E coisas por dizer.

São muito pouco astutos, muito pouco astutos.
Toda a gente sabe que os homens são brutos.

Toda a gente sabe que os homens são feios
Deixam conversas por acabar
E roupa por apanhar.

E vêm com rodeios, vêm com rodeios.
Toda a gente sabe que os homens são feios.

Mas os maridos das outras não
Porque os maridos das outras são
O arquétipo da perfeição
O pináculo da criação.

Dóceis criaturas, de outra espécie qualquer
Que servem para fazer felizes as amigas da mulher.
E tudo os que os homens não...
Tudo que os homens não...
Tudo que os homens não...

Os maridos das outras são
Os maridos das outras são.

Toda a gente sabe que os homens são lixo
Gostam de música que ninguém gosta
Nunca deixam a mesa posta.

Abaixo de bicho, abaixo de bicho.
Toda a gente sabe que os homens são lixo.

Toda a gente sabe que os homens são animais
Que cheiram muito a vinho
E nunca sabem o caminho.

Na na na na na na, na na na na na.
Toda a gente sabe que os homens são animais.

Mas os maridos das outras não
Porque os maridos das outras são
O arquétipo da perfeição
O pináculo da criação.

Amáveis criaturas, de outra espécie qualquer
Que servem para fazer felizes as amigas da mulher.
E tudo os que os homens não...
Tudo que os homens não...
Tudo que os homens não...

Os maridos das outras são
Os maridos das outras são
Os maridos das outras são.


Venta cá...



As Mulheres dos Outros
(Si Menor)

Toda a gente sabe que as mulheres são chatas
que falam falam sem parar
e nem param para respirar
parecem baratas parecem baratas
toda gente sabe que as mulheres são chatas


Toda a gente sabe que as mulheres são burras
só sabem ver telenovelas
e encher a casa de velas
e andam sempre às turras
andam sempre às turras
toda gente sabe que as mulheres são burras

mas as mulheres dos amigos não
porque as mulheres dos amigos são
todas cheias de inteligência
um mistério da ciência
deusas da beleza
obras primas da natureza
que deixam derretidos
os amigos dos maridos

E tudo o que as mulheres não
tudo o que as mulheres não
tudo o que as mulheres não
as mulheres dos amigos são
as mulheres dos amigos são
as mulheres dos amigos são

toda a gente sabe que as mulheres são fúteis
que passam a vida nas compras
e falam mal umas das outras
e muito pouco úteis
muito pouco úteis
toda a gente sabe que as mulheres são fúteis

toda a gente sabe que as mulheres são anormais
que não sabem conduzir
e demoram muito a vestir
toda a gente sabe que as mulheres são anormais

mas as mulheres dos amigos não
porque as mulheres dos amigos são
todas cheias de inteligência
um mistério da ciência
deusas da beleza
obras primas da natureza
que deixam derretidos
os amigos dos maridos

E tudo o que as mulheres não
tudo o que as mulheres não
tudo o que as mulheres não
as mulheres dos amigos são
as mulheres dos amigos são
as mulheres dos amigos são






OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/085) Cultos nos morros

Povo fica indo no morro para ficar mais perto de Deus e se esquece que ele destruiu a Torre de Babel... Qualquer dia desses manda um raio e torra o povo tudim...



























OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/084) Tudo o que a humanidade sabe sobre Deus


No link abaixo, você pode observar, em detalhes, tudo o que a humanidade sabe sobre o mundo do além, incluindo aí, os deuses todos que se diz existir, cada um deles...

Com base nessa imagem, você pode avaliar os discursos sobre os deuses, o grau de profundidade deles e o grau de fundamento de quem os maneja...
















OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/083) O Portão - clássico de Roberto Carlos











OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/082) Quando deus cochila...


Cadê o deus do joão-de-barro nessa hora?

Mais lhe serve o deus da cobra...

O infeliz do passarinho passa a vida a trabalhar como um desgraçado de um desinfeliz, constrói sua casa de barro, para quê?, para vir uma serpente e comer sua família...

Depois, joão-de-barro fica ateu e o povo não entende...
















https://www.facebook.com/osvaldo.l.ribeiro/posts/797378193676086

OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/081) Treinamento denominacional-evangélico para leitura da Bíblia

Treinamento denominacional-cristão-evangélico de Bíblia.

Todos sentados em suas carteiras.

Entra o pastor-preletor, terno, gravata.

Todos se levantam.

Oram, claro.

O preletor dá as suas credenciais, fala de todos os diplomas que tem, inclusive os da Alemanha e dos Estados Unidos, e, quarenta e cinco minutos depois, começa a parte prática do treinamento.

Entram duas mocinhas, vestidas para a coreografia ao final do treinamento, cada qual carregando um saco de feijão.

O preletor, olhar circunspecto, severo, abre os sacos plásticos e derrama um, dois sacos de feijão sobre a mesa.

Com a mão aberta sobre o monte de feijões, espalha-os sobre a superfície de fórmica...

Aproximem-se, rapazes. Vocês também, moças.

Agora, atenção: catem os feijões de que precisam.

Mas só os que interessam.

Os outros, devolve pros sacos.

Seção de entrega dos certificados.

Coreografia e cânticos ao final.

Deus é forte...









OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/080) Zoológicos humanos - literalmente - na civilizadíssima Europa
































OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/079) Ser teólogo como vinha avó era minha avó


Acho que sou um teólogo como minha avó era avó - ela ia lá, pegava o porco e o matava. Uma senhora de 60 anos tem que ter o coração duro para o fazer - olhar no olho do porco e lhe cravar a faca. Acho que, hoje, nem galinha eu conseguiria matar...

Minha teologia é assim, todavia: posso olhar no olho do aluno e dizer a ele o que eu sei que vai chocá-lo - e não me dói fazê-lo.

Como minha vó, eu sei que tenho que fazer. Vou lá e faço. Bate cá um coração duro como o de minha avó - desde que não seja para matar galinhas...









OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/078) Inutilidade pública e privada


Estudar Psicologia da Religião...

... Antropologia da Religião...

... Sociologia da Religião...

... História das Religiões...

... Fenomenologia das Religiões...

... Filosofia das Religiões...

... e não fazer nada com isso, e continuar pensando, agindo, vivendo, como se nada do que foi aprendido tivesse sido aprendido.

Nada...








OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/077) Tardígrados - microscópicos e potencialmente imortais












OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/076) A Bíblia que eu amo


Falem o que quiserem, digam o que desejarem dizer - adoro a Bíblia. Não tem livro de que eu goste mais. Mas não é a Bíblia que o crente lê aquela de que eu gosto - essa só existe no púlpito e na cabeça dele. Na vida real, não. A Bíblia de que eu gosto é aquela que eu desmonto, que eu cavo, de sobre a qual eu tiro os entulhos da tradição, os pedregulhos do dogma, a poeira das espiritualidades, e fica só os ossos daquela gente já morta, caveiras, cabelos, dentes, só o que sobrou- e, então, eu tento, pacientemente, com carinho e amor, sim, amor, amor ao livro e não às catequeses que, zumbis e fantasmáticas, voejam sobre ele, vou tentando animar os cadáveres, ei, acorda, ei, levanta, e vou tentando reanimá-los, e eles, mortos-vivos, e elas, mortas-vivas, se levantam, nem vermes mais há ali, há tanto morreram, e conversamos, sem ninguém a nos encher o saco com teologias nossas, liturgias nossas, mitologias nossas, porque interessam-me só os mitos deles, as teologias deles, as mitologias deles, suas histórias, suas mentiras todas, suas verdades, a sua vida. Amo essa Bíblia. A dos crentes, não, que não amo coisas inventadas.







OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/075) Sobre o vídeo "Os 4 Estágios do Ateu Enrustido"


Se entendi, o quinto estágio seria, então,a confissão de fé ateísta - sim, confissão de fé, porque o ateísmo é uma "fé". É a negação da fé do que tem fé - quem tem fé diz: Deus existe, e o que tem fé, mas uma fé contrária, diz: Deus não existe.

Reconheço os estágios em muitas pessoas. Convivi com muitas delas. Ainda convivo.

E acho que, cada uma com seu degradê, a fé positiva tem seus estágios, a fé negativa tem os seus e o ceticismo ou agnosticismo tem os dele: isso, só para lembrar que não é preciso permanecer na briga fé positiva versus fé negativa, teísmo versus ateísmo - você pode simplesmente admitir que nenhum dos dois sabe do que está falando...

A discussão fé versus não fé é, no fundo, uma discussão de crentes - e crentes cristãos.

Ainda é um exemplo do ocidentalismo, o ocidentalocentrismo de nossa filosofia, religião e cultura.







OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/074) Dos dois tipos de críticos da razão


Há dois tipos de pessoas, que conheço, que criticam a razão. Religiosos (a), e a esses eu não empresto ouvidos, porque são papagaios de denominação e doutrina, nada além disso (ponho nessa rubrica supostos filósofos, que, na verdade, são religiosos disfarçados) e críticos (b) da racionalização, armadilha em que a razão pode ser aprisionada, quando perde o contato com o real. 

A crítica da razão, quando serve apenas para a defesa da irracionalidade, da doutrina religiosa, de outros, hahaha, "modos de conhecer", soa-me como uma estratégia de auto-engano que só funciona se os vizinhos também fingirem que o elefante está voando...

Ela funciona assim: o sujeito faz a "crítica" da razão para - essa é sua única intenção - defender a desrazão e, com isso, ganhar pontos para seu modos operandi - tratar mitos e fantasias como depósitos de verdades profundas...

Passei dessa fase.

Não acredito em depósitos de verdades profundas.








OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/073) Sobre teologias imprestáveis


Não me interessa, sob nenhuma circunstância e nenhum aspecto, uma teologia instrumental, que sirva para dar sentido ao que quer que seja, seja feita por quem quer que seja, mesmo que de esquerda, mesmo que libertária - não me interessa mais esse tipo de discurso. Interessa-me apenas uma teologia que, por sua vez, eventualmente se interesse em saber como as coisas são, de que são feitas, como foram construídas - ou seja, heurística. De política, mesmo disfarçada, ando cheio.


Ou a teologia se faz pesquisa e ciência, ou é imprestável para mim.






OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/072) Os Últimos Desejos da Kambi - surpreendentemente... lindo, lindo, lindo












OSVALDO LUIZ RIBEIRO

sexta-feira, 28 de março de 2014

(2014/071) Uma crítica suave a Reza Aslan


Uma crítica suave que farei a Reza Aslan, uma ou duas, ou três...

Ele diz que "o profeta Isaías" saudou Ciro como messias. Sob nenhuma hipótese ele poderia dizer isso. Não foi "o profeta", que já estava morto em 539...

Ele defende a pseudografia como normal e cultural, e que não devíamos considerar "falsificação". Tudo bem, mas, ao mesmo tempo, descreve um sem número de invenções da tradição, gente escrevendo coisas nos Evangelhos para fazer outras pessoas crerem que as coisas haviam sido assim e assado - ora, o nome disso é engano, falsificação e manipulação. Quando alguém fazia isso, sabia o que estava fazendo...

Por exemplo, é pilantragem, sem panos quentes, o que os evangelistas fizeram com João batista. Pilantragem. Para fazer seu herói crescer (isto é, para eles mesmos crescerem) fizeram o herói dos batistas diminuir - e, descaradamente, ainda põe a declaração na boca do coitado defunto...

Pilantragem - e quem o fazia, senhores, sabia o que estava fazendo.









OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/070) Nem cercados... Nem cercados...


Eu não conhecia em detalhes a história do cerco de Jerusalém, em 70. Se li alguma coisa há anos, não lembrava. Mas Aslan conta detalhes - e a coisa mais reveladora, que, para mim, ensina mais sobre o que era querer sei rei - como Jesus quis - naqueles tempos do que toda a pesquisa é a briga entre os três grupos que se aquartelaram dentro de Jerusalém, enquanto Roma destruía tudo à volta. EnquantoVespasiano volta à Roma, os três grupos, dentro de Jerusalém, entram em luta uns contra os outros, ao ponto de mantarem-se... Os zelotes saem da cidade! São eles que irão para Massada e se matarão mais tarde... Ou seja, cada grupo, com seu projeto de "reino", era tão cioso de seu projeto de reino que tratava o outro como inimigo, a ponto de matarem-se...

Lembra Paulo falando que quem pregasse outro Evangelho era maldito - e olha que ele falava dos de Jerusalém...

A coisa já nasceu podre, meus amigos...









OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/069) Reza ainda prega


Reza Aslan ainda é um pregador, ele confessa. Depois de sua conversão ao Cristo da Fé, seus estudos desmontaram toda a tradição - o mesmo que houve comigo. Todavia, ele confessa que substituiu o Cristo da Fé pelo Jesus Histórico com o mesmo fervor e que se fez um discípulo de Jesus de Nazaré, isto é, do homem Jesus, histórico... Ele, então, confessa que o apresenta, agora, com o mesmo fervor com que apresentava o da Fé, que ele desmontou...

O da Fé, vá lá, a fé, pelo visto, não...











OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/068) Um Jesus para o Führer - depois de tantos para César...


No fundo, a história dos cristianismos primitivos é uma história de traição - não sei se Judas traiu Jesus, não sei mesmo, mas que os cristãos traíram Jesus, não tenho dúvida. Roma deixou-os tão aterrorizados que inventaram um Jesus sob medida para Roma, exatamente como os cristãos da Alemanha inventaram um para o Führer...









OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(20/14/067) E não tinha sinagoga em Nazaré...


Para eu ir dormir...

Lucas põe Jesus, na sinagoga de Nazaré, a ler o rolo de Isaías...



Nazaré era uma vila pobre, com não mais de algumas dezenas de famílias. Segundo Aslan, não havia sinagoga em Nazaré...

Ah, mas eles não fizeram por mal...

Era só "o jeito deles"...

Bem, mas não é o meu.









OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/066) Sal da terra...


É uma coisa pequena da minha alma pequena, mas fico imaginando os vocacionados no púlpito, domingo, a pregar...


Na segunda-feira, prova, e a cola já está programada...

Nenhum problema, se o conteúdo da pregação não fosse santidade, ser sal da terra, essas bolhas de ilusão do mundo evangélico...






OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/065) Se levássemos pão...


Os cristãos viraram o mundo do avesso para levar Deus - é o que pensam que estão fazendo. Imagino se Deus lhes tivesse dito para levar pão - não haveria fome no mundo. Mas não apenas não levaram pão, quanto ainda tiraram o que puderam, enquanto puderam...

Triste.

Ainda chamam a isso de "boa notícia"...

Só se for para o Satanás...

Porque, com o que nós fizemos, que mais lhe sobrou a fazer?









OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/064) Ouvir um conservador


É impossível para mim "ouvir" um conservador no campo da teologia e da religião. Impossível. Eu desconheço conservadores que estejam realmente interessados na pergunta "o que é isso?" - o conservador desde sempre sabe "o que é isso", e todo seu esforço se dá na venda de sua mercadoria - vende Deus, vende a fé, vende a doutrina, vende sua tradição - o conservador é um caixeiro viajante...

O único conservador que parece ter cura é o novo conservador - esse ainda não leu nada e, quando começar a ler, pode dar com a cara no espelho e admitir que está numa estrada viciada. Então, ele, sem nenhuma força de fora, mas por um impulso de honestidade interna, abre mão de sua equivocada percepção da verdade e assume uma postura crítica...

Mas o conservador calejado, de profissão - e, naturalmente, p conservador profissional, que vive de sua condição conservadora, esse está irremediavelmente perdido para as evidências. Esse só pode dizer o que pode dizer - e mais nada.

Direito dele...

Direito meu não ter condições psicológicas, físicas, somáticas, de ouvi-lo cinco minutos que seja.










OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2014/063) O Cristo palimpsesto de Paulo


"Paulo pode ser uma excelente fonte para os interessados na formação inicial do cristianismo, mas é um guia pobre par se descobrir o Jesus histórico" (Reza Aslan, Zelota, p. 18).

Isso, isso, isso...










OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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