É sempre assim, porque é assim que funciona: enquanto ele crer, fará sentido - nada há que se possa dizer, revelar, mostrar, nada, nem na História, nem na Psicologia, nem na Antropologia - nada. A fé já vem vacinada e com dezesseis saquinhos de anti-corpos...
Mas um dia, por qualquer razão, ele arranha a face da crença e nasce, lá, um pequeno vermelho, uma brotoeja de dúvida - e ela coça! Se ele coçar, pronto, lentamente, às vezes, na velocidade da luz, outros dias, sob o próprio peso a crença se esboroa como monte de areia, e nada mais faz sentido, nada - nem que lhe enfiem trinta e sete rosários nos ouvidos ou quinze Institutas nas retinas...
O sentido não está na crença, mas na hipnose de crer, no desejo de acreditar - e só...
Por isso ele vê todos os defeitos e todas as contradições em todas as outras fés - menos na dele. Para a própria fé, todo crente é cego.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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