1. Porque a Teologia é, agora, uma coisa nova. Meu amigo Haroldo Reimer escreveu o post (2010/361) Teologia heurística? Que bom! Haroldo faz falta em Peroratio. Animo-me, quando ele escreve. E, particularmente em relação ao assunto que escolheu, minha animação é ainda maior. Encontro-me pulsionalmente envolvido com a quetão do estatuto epistemológico da Teologia, e, para esse fim, tenho-lhe proposto uma nova classificação - Teologia como ontologia (metafísica), Teologia como metáfora (narrativa) e Teologia como fenomenologia (heurística). O artigo de proposição formal sairá publicado na Revista Pistis & Praxis, da PUC-PR. Mas gostaria de reagir a algmas questões postas por meu amigo.
2. Antes de qualquer coisa: não se trata de uma nova classificação para a Teologia... cristã. Para mim, não há mais como falar de Teologia e, sub-repticiamente, subentender-se "Teologia cristã". Desde 1999, Teologia não é mais propriedade da Igreja - nem das igrejas. Ela passa a ser um conjunto de saberes e procedimentos sob a administração da República Federativa do Brasil, que é laica. Assim, a Teologia é uma disciplina oferecida seja por cristãos, por umbandistas, por kardecistas e por messiânicos, sempre por meio de IES credenciada pelo Governo Federal e de cursos autorizados/reconhecidos pelo MEC. Se continuarmos a insistir numa retórica de Teologia... cristã, sendo o contexto da discussão a sua análise epistemológica, incorreremos na anacronia de insistirmos na propriedade de uma coisa que não é mais nem apenas cristã nem mais (apenas) nossa. Teologia, agora, é multi-referencial.
3. A classificação que proponho não tem em vista uma Teologia cistã isolada. Te em vista a Teologia cristã mais a Telogia kardecista mais a Teologia umbandista mais a Telogia messiânica - emais qualquer outra que venha somar a essas quatro representaões traditivas. É necessário reconhecer que nenhum critéio de classificação até hoje elaborado atende a nossa situação. Nem mesmo o fato de a Teologia estar na CAPES há décadas significou alguma coisa de realmente concreto nesse cntexto, porque a Teologia enclausuou-se em seu mundo medieval, defendendo nucleos confessionais revelados e normativos, onde a regra do jogo fora, sepre, heurística e crítica. O evento significativo, aí, é a Graduação - um aríete nos ortões a Teologia. Teologia Sistemática de um lado, e Bíblica de outro, não atende o objeto novo que é a Telogia no MEC. Quando por nenhuma outra razão, porque não há Bíblia na Umbanda!
4. Insito, portanto: é preciso uma classificação nova, sob novos enfoques, sob novos critérios, sob novos pressupsotos, porque a situação é nova, o objeto "Teologia" é outro, é novo, não é mais aquele com que trabalhávamos. Não nos demos conta, mas a Teologia não é mais aquilo que fazíamos, aquilo que chamávamos pelo nome que Platão parece ter "inventado". Teologia é outra coisa, agora, e precisa dizer o que é. Se posso empregar uma metáfora analógica: o ladrão entrou pela janela, e levou tudo, e não nos demos conta... O Filho do Homem veio em hora em que nos descuidamos... Acostumados à pregação da súbita parousia, fomos é nós mesmos pegos desprevenidos - pior, ainda estamos esperando Deus sabe pelo que... Entendamos de uma vez por todas: o mundo antigo se foi - com o MEC, tudo é novo. Pouca coisa "velha" há de servir, e também aí cabe a metáfora dos odres velhos e remendos novos...
5. Sim, a Exegese já se emancipou - "graças a Deus". Ainda há rincões teológicos que emcabrestam a pática exegética, atrelando-a à Teologia, a velha. Mas aí não se pratica Exegese, de fato. Aí se domestica um processo, como se domesticam pessoas, onde quer que a Teologia encene sua dança milenar. A Exegese aproxima-se da História, da Arqueologia, da Análise do Discurso (logo, da Lingüística), da Filologia, e, por necessária extensão, da Antropologia e da Sociologia, sem negligenciar, nem por um segundo, a Fenomenologia da Religião. A Exegese já está em casa, e só não avançou ainda mais significativamente porque, do lado da Teologia, ainda encontra reações conservadoras que emperram seu avanço independente, e, do lado da História e suas co-irmãs, encontra a suspeita de que ela ainda seja uma espécie de Teologia disfarçada. A Exegese, contudo, quando praticada como tal, está a anos-luz de distância da Teologia tal qual ela é praticada ainda hoje nos ambientes confessionais - incusive a CAPES.
6. Já a Teologia precisa achar seu rosto. Isso não significa que ela precisa convencer ao MEC de que, tal qual ela é e se faz por exemplo, na CAPES, ela é "ciência" - porque não é. Não é nem quer ser. Como Haroldo comenta no início de seu post, os eixos epistemológicos científico-humanistas impostos pelo PARECER CNE/CES 118/2009 constrangem a Teologia justamente porqe ela não tem o perfil apropriado do jogo científico, e, diante daquela exigência, que a uma ciência significaria seu próprio pathos, ela, contudo, sente-se afrontada.
7. Na próxima reação, responderei a duas questões que meu amigo levanta: a) qual a real diferença entre uma teologia metafísica e uma teologia ontológica, e b) o que é que uma teologia heurística pensa que poderá/irá descobrir?
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
2. Antes de qualquer coisa: não se trata de uma nova classificação para a Teologia... cristã. Para mim, não há mais como falar de Teologia e, sub-repticiamente, subentender-se "Teologia cristã". Desde 1999, Teologia não é mais propriedade da Igreja - nem das igrejas. Ela passa a ser um conjunto de saberes e procedimentos sob a administração da República Federativa do Brasil, que é laica. Assim, a Teologia é uma disciplina oferecida seja por cristãos, por umbandistas, por kardecistas e por messiânicos, sempre por meio de IES credenciada pelo Governo Federal e de cursos autorizados/reconhecidos pelo MEC. Se continuarmos a insistir numa retórica de Teologia... cristã, sendo o contexto da discussão a sua análise epistemológica, incorreremos na anacronia de insistirmos na propriedade de uma coisa que não é mais nem apenas cristã nem mais (apenas) nossa. Teologia, agora, é multi-referencial.
3. A classificação que proponho não tem em vista uma Teologia cistã isolada. Te em vista a Teologia cristã mais a Telogia kardecista mais a Teologia umbandista mais a Telogia messiânica - emais qualquer outra que venha somar a essas quatro representaões traditivas. É necessário reconhecer que nenhum critéio de classificação até hoje elaborado atende a nossa situação. Nem mesmo o fato de a Teologia estar na CAPES há décadas significou alguma coisa de realmente concreto nesse cntexto, porque a Teologia enclausuou-se em seu mundo medieval, defendendo nucleos confessionais revelados e normativos, onde a regra do jogo fora, sepre, heurística e crítica. O evento significativo, aí, é a Graduação - um aríete nos ortões a Teologia. Teologia Sistemática de um lado, e Bíblica de outro, não atende o objeto novo que é a Telogia no MEC. Quando por nenhuma outra razão, porque não há Bíblia na Umbanda!
4. Insito, portanto: é preciso uma classificação nova, sob novos enfoques, sob novos critérios, sob novos pressupsotos, porque a situação é nova, o objeto "Teologia" é outro, é novo, não é mais aquele com que trabalhávamos. Não nos demos conta, mas a Teologia não é mais aquilo que fazíamos, aquilo que chamávamos pelo nome que Platão parece ter "inventado". Teologia é outra coisa, agora, e precisa dizer o que é. Se posso empregar uma metáfora analógica: o ladrão entrou pela janela, e levou tudo, e não nos demos conta... O Filho do Homem veio em hora em que nos descuidamos... Acostumados à pregação da súbita parousia, fomos é nós mesmos pegos desprevenidos - pior, ainda estamos esperando Deus sabe pelo que... Entendamos de uma vez por todas: o mundo antigo se foi - com o MEC, tudo é novo. Pouca coisa "velha" há de servir, e também aí cabe a metáfora dos odres velhos e remendos novos...
5. Sim, a Exegese já se emancipou - "graças a Deus". Ainda há rincões teológicos que emcabrestam a pática exegética, atrelando-a à Teologia, a velha. Mas aí não se pratica Exegese, de fato. Aí se domestica um processo, como se domesticam pessoas, onde quer que a Teologia encene sua dança milenar. A Exegese aproxima-se da História, da Arqueologia, da Análise do Discurso (logo, da Lingüística), da Filologia, e, por necessária extensão, da Antropologia e da Sociologia, sem negligenciar, nem por um segundo, a Fenomenologia da Religião. A Exegese já está em casa, e só não avançou ainda mais significativamente porque, do lado da Teologia, ainda encontra reações conservadoras que emperram seu avanço independente, e, do lado da História e suas co-irmãs, encontra a suspeita de que ela ainda seja uma espécie de Teologia disfarçada. A Exegese, contudo, quando praticada como tal, está a anos-luz de distância da Teologia tal qual ela é praticada ainda hoje nos ambientes confessionais - incusive a CAPES.
6. Já a Teologia precisa achar seu rosto. Isso não significa que ela precisa convencer ao MEC de que, tal qual ela é e se faz por exemplo, na CAPES, ela é "ciência" - porque não é. Não é nem quer ser. Como Haroldo comenta no início de seu post, os eixos epistemológicos científico-humanistas impostos pelo PARECER CNE/CES 118/2009 constrangem a Teologia justamente porqe ela não tem o perfil apropriado do jogo científico, e, diante daquela exigência, que a uma ciência significaria seu próprio pathos, ela, contudo, sente-se afrontada.
7. Na próxima reação, responderei a duas questões que meu amigo levanta: a) qual a real diferença entre uma teologia metafísica e uma teologia ontológica, e b) o que é que uma teologia heurística pensa que poderá/irá descobrir?
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
Um comentário:
Gostei da frase no parágrafo 4.
"Nós estávamos acostumados com a parousia, mas fomos nós que fomos pegos de surpresa pelo filho do homem que agiu como um ladrão e levou td de nós" (...)
...a teologia não tem mais dono, nao é unidirecional, porque, no momento, ela ela é multi-referencial.
Joeblackvan
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