quinta-feira, 26 de março de 2009

(2009/113) Ah, o Romantismo...


1. Haroldo "me" (nos) brinda com um texto que me remete às nossas aulas, no Batista, durante os dias do mestrado e daquele doutorado "livre". Mais do que ao conteúdo, reportei-me ao modo haroldiano de dar aulas - absolutamente diferente do modo como eu dou as minhas, e, por isso, objeto de uma tremenda "inveja" da qual não me penitencio. Gostaria imensamente de ser assim, de conseguir dar aulas como você dá, meu amigo, mas sou outra pessoa. Sinto saudades imensas, gigantescas, imorredouras, daqueles dias. Deus é cruel: nos dá um doce do qual nunca mais provaremos o gosto. Maldade de Deus.

2. Mais do que isso, o post de Haroldo me transporta para meu mundo por adoção - o XIX: Romantismo. Mais do que o período em que os árabes introduzem Aristóteles no Ocidente ("parto" do Humanismo - a tese de que o Cristianismo deságua, naturalmente, no Humanismo não se concretiza sem Aristóteles, sem os árabes), mais do que o período da Reforma (o seu período "de pedra", não, obviamente, a sua eternidade "de telhado"), mais do que período do Empirismo e do Iluminismo, minha casa é o XIX - Romantismo. E Hadoldo acerta em cheio ao dizer de que Romantismo se trata - em toda a sua relevância, o Romantismo de um Dilthey, fundador das Ciências do Espírito, resultado mais do que conseqüente em face das reflexões de Kant a Nietzsche, passando por Schopenhauer, Schleiermacher e Feuerbach (Peirce, do outro lado do Atlântico, não pode ser esquecido!). Eis a afirmação-chave de Haroldo: "dos céus, o olhar baixou para a terra".

3. Gostei muito da inteligência de sua abordagem - a história da intentio auctoris como a história da superação do princípio da autoridade, o pouso da inteligência na história, na terra, como Nietzsche preconizava. Isso - exatamente isso - sou eu. Eu diria, Haroldo, que vivi, de 1984 (ano de minha "conversão") até 1989 (ano em que assumi uma posição incipiente, mas suficientemente crítica) a saga do ocidente: primeiro, dogmática, mística e entusiasticamente cristão, depois, inclinadamente humanista e ousadamente questionador, e, finalmente, irremediavelmente romântico. Não há volta, eu creio. Entre o primeiro, cristão, e o último, romântico, apenas uma mística sobrevive - uma mística sem conteúdo, se há de compreender...

4. Obrigado pelo texto, Haroldo. Diga a seus alunos (você não dirá, eu sei) que eu os invejo, que eu gostaria imensamente de estar no lugar deles.


OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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