1. Mas que me dão motivos, me dão. Como não?
1.1 "a. - Considerações gerais: enquanto o conhecimento mítico explica o mundo através de alegorias, sendo indispensável transcender os símbolos para resolver o enigma; o conhecimento teológico já é um saber crítico que ultrapassa a realidade da experiência sensível, e contempla o mundo como um projeto inteligente, com um propósito definido. As marcas, os sinais, a finalidade do universo, da vida e do homem podem ser perscrutados à luz do conteúdo e linguagem da fé revelada, esse é o objeto do estuda da teologia" (José de Deus Luongo da Silveira, Domínios do conhecimento teológico, disponível aqui).
2. É uma "mera" implicância minha, uma antecipação de minha alma de velho, ou, de fato, é um equívoco epistemológico a separação entre teologia (enquanto fé e revelação) e mito? Naturalmente que sim, e só não o será para uma articulação retórica corporativista. Teologia - qualquer teologia, cristã, kardecista, umbandista, budista, islamita, qualquer uma, é mito, opera como mito - a despeito das racionalizações escolásticas que o desenvolvimento da religião dentro da qual ela opera promoveu em seu discurso público.
3. O palavra mais deslocada, coitada, aí presente, é "crítica". Pobre palavra. Não há, a rigor, nenhum trabalho de crítica nessa teologia que se pauta pela fé e se concebe "revelada". Nenhum. A crítica pressupõe, inegociavelmente, um princípio iconoclasta, primeiro aplicado a si mesma, e, então, a tudo o mais. A teologia, contudo, essa aí, fideísta e revelada, ela sequer sabe o que significa "crítica".
4. Essa teologia não aplica a crítica a si, porque parte do pressuposto de que está certa, inequivocamente certa, inexoravelmente certa. Logo, a noção de "crítica" é-lhe um despropósito, uma aberração - um demônio, uma alma de apostasia, uma provação, uma provocação, vade retro...
5. Além disso, essa teologia de fé e de revelação igualmente não aplica a crítica a terceiras expressões concorrentes, porque a crítica implica diálogo, ouvir para certificar-se da validade, e essa teologia aí, esse embuste racional, já, desde sempre, de antemão, condena. Ela não vai se dar ao trabalho de ouvir, atentamente, o núcleo argumentativo da concorrência noológica e epistemológica. Ela vai observar a superfície do discurso, e procurar, aí, o reflexo de si mesma - se encontra, o discurso está certo, se não encontra, está errado.
6. Asim, as "considerações gerais" transcritas acima pronunciam-se desde o vício epistemológico e retórico da teologia - uma boca torta de tanto fumar ópio: legitimar-lhe o lugar que ocupa, sem investigar se lhe cabe o assento. Mais um gesto alguma coisa entre político e descuidado, o que, politicamente, não tem muita diferença.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
1.1 "a. - Considerações gerais: enquanto o conhecimento mítico explica o mundo através de alegorias, sendo indispensável transcender os símbolos para resolver o enigma; o conhecimento teológico já é um saber crítico que ultrapassa a realidade da experiência sensível, e contempla o mundo como um projeto inteligente, com um propósito definido. As marcas, os sinais, a finalidade do universo, da vida e do homem podem ser perscrutados à luz do conteúdo e linguagem da fé revelada, esse é o objeto do estuda da teologia" (José de Deus Luongo da Silveira, Domínios do conhecimento teológico, disponível aqui).
2. É uma "mera" implicância minha, uma antecipação de minha alma de velho, ou, de fato, é um equívoco epistemológico a separação entre teologia (enquanto fé e revelação) e mito? Naturalmente que sim, e só não o será para uma articulação retórica corporativista. Teologia - qualquer teologia, cristã, kardecista, umbandista, budista, islamita, qualquer uma, é mito, opera como mito - a despeito das racionalizações escolásticas que o desenvolvimento da religião dentro da qual ela opera promoveu em seu discurso público.
3. O palavra mais deslocada, coitada, aí presente, é "crítica". Pobre palavra. Não há, a rigor, nenhum trabalho de crítica nessa teologia que se pauta pela fé e se concebe "revelada". Nenhum. A crítica pressupõe, inegociavelmente, um princípio iconoclasta, primeiro aplicado a si mesma, e, então, a tudo o mais. A teologia, contudo, essa aí, fideísta e revelada, ela sequer sabe o que significa "crítica".
4. Essa teologia não aplica a crítica a si, porque parte do pressuposto de que está certa, inequivocamente certa, inexoravelmente certa. Logo, a noção de "crítica" é-lhe um despropósito, uma aberração - um demônio, uma alma de apostasia, uma provação, uma provocação, vade retro...
5. Além disso, essa teologia de fé e de revelação igualmente não aplica a crítica a terceiras expressões concorrentes, porque a crítica implica diálogo, ouvir para certificar-se da validade, e essa teologia aí, esse embuste racional, já, desde sempre, de antemão, condena. Ela não vai se dar ao trabalho de ouvir, atentamente, o núcleo argumentativo da concorrência noológica e epistemológica. Ela vai observar a superfície do discurso, e procurar, aí, o reflexo de si mesma - se encontra, o discurso está certo, se não encontra, está errado.
6. Asim, as "considerações gerais" transcritas acima pronunciam-se desde o vício epistemológico e retórico da teologia - uma boca torta de tanto fumar ópio: legitimar-lhe o lugar que ocupa, sem investigar se lhe cabe o assento. Mais um gesto alguma coisa entre político e descuidado, o que, politicamente, não tem muita diferença.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
Nenhum comentário:
Postar um comentário