sexta-feira, 26 de abril de 2019

(2019/007) Bonhoeffer e Kans Küng - uma teologia assim, eu até tentaria

1. Perguntam-me a quem recorrer para tentar uma teologia "não teológica", isto é, que não estivesse atrelada aos modos clássico-ontológicos tradicionais. 

2. Minha resposta vai em dois pacotes.

3. Primeiro: antes de tudo, passar por Bonhoeffer, e, especificamente, por sua declaração programática - "um cristianismo pós-religioso para um homem em estado adulto". Não me interessa nem perderia tempo com uma teologia para crianças - e religiosos são intrinsecamente infantilizados. A emancipação do indivíduo provoca seguramente a sua emancipação religiosa. Há uma relação direta entre heteronomia (e todo religião é heterônoma) e infantilidade. É disso que Bonhoeffer falava: ou o indivíduo se torna autônomo, ou permanecerá eternamente infantil.

4. Segundo: não sei exatamente o que Hans Küng quis dizer em Teologia a caminho, quando disse, com essas exatas letras, que a única teologia que mereceria estar na Universidade é a teologia histórico-crítica. Realmente não sei. Não sei se é possível aliar a metodologia histórico-crítica à Teologia, já que ela desmonta inteiramente toda e qualquer tentativa de sustentar, na Bília, a mitologia doutrinária. Em todo caso, uma Teologia histórico-crítica, seja lá o que isso for, seria uma Teologia filtrada, sem negociações espúrias e sob os panos, pelas Humanidades - o que inexiste hoje.

5. É isso. Disseram-me que isso não pode jamais vir a existir, porque isso não seria Teologia. O argumento é bem tolo, já que mumifica uma prática histórica e considera que ela não pode transformar-se internamente. Por outro lado, devo admitir que quando a Alquimia se tornou adulta, virou Química... Ou seja: talvez seja mesmo impossível uma Teologia que não seja racionalização viciosa das doutrinas - isto é, da mitologia.






OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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