quinta-feira, 25 de abril de 2019

(2019/004) Quando percebi que estava estragado para a igreja


1. Foi quando descobri que o templo vazio era-me mais caro do que ele com as pessoas. Mais ainda: quando me dei conta de que um templo evangélico, mesmo vazio, não tinha para mim nenhum significado mais. É necessária uma catedral de pedra, fria e tumular. E igualmente vazia... Eu me sento. Estou calado. Permaneço sentado. E calado. Nada digo e faço. Nem nada quero ouvir. pessoa alguma. deus algum. Apenas contemplar o vazio, as paredes, os vitrais... Antecipar, aqui e agora, o vazio que nos espera a todos nós.

2. E também foi quando descobri que apenas essas canções, e especialmente as desse tipo, me comoviam. Não, não mais - nunca mais! - as doutrinas, poeira de um passado que se foi, e para sempre. Mas esse som, esse timbre, esse arranjo, essa harmonia, essa performance... Ah, o latim foi inventado para esse momento...

3. Como, todavia, igreja não é isso, igreja são pessoas, fui embora, porque descobri que era preciso gostar muito de gente para tornar-se igreja. E gente de carne e osso, que, convenhamos, não se esforça muito para que gostemos dela... Que era preciso gostar mais delas do que da pedra da coluna, mais delas do que das canções sublimes de uma época que se foi. Não era o caso. Nem é. E me fui. E ainda estou indo...











OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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