quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

(2019/003) A estupidez incontrolável chamada terraplanismo...


Para mim, uma diferença fundamental entre religiosos - de matriz cristã - é que uns são incontrolavelmente estúpidos, ao passo que outros vão controlando paulatinamente (mas até certo limite?) a estupidez de sua crença. Por isso eu tenho dito que os verdadeiros religiosos são os primeiros - incontrolavelmente estúpidos (e não se enganem: nem por isso, menos perigosos!). Os religiosos que controlam a estupidez de suas crenças (porque eles mesmos não são assim tão estúpidos!) parecem-me mais negociadores, pessoas que vão negociando com a cultura, com a ciência e com a fé, sem maiores critérios do que o que for minimamente "razoável". Negociou? Então deixou de ser autenticamente um religioso, é a minha tese [e ainda bem que negociam!]...

Ora, a doutrina - estúpida - da terra plana é uma estupidez inamovível. Só espertalhões baratos e gente muito tola se mete nisso, e sempre os primeiros para ganhar e os segundos para perder, sempre. Os espertos ganham dinheiro com qualquer porcaria, porque sempre tem gente estúpida para dar dinheiro aos espertalhões. 

Não vou perder tempo argumentando o tamanho da estupidez dessa doutrina. Só direi que a Bíblia não usa - nunca, jamais, em lugar nenhum - a palavra terra como uma referência ao planeta. Jamais. Terra é sempre uma região local, e nada mais, seja uma região maior ou menor. Logo, à estupidez da doutrina da terra plana se pode somar a imbecilidade e ignorância de tratar a doutrina como "bíblica". De novo, só gente muita calhorda, ou muito infantilizada, se mete nisso, os segundos para serem aproveitados - em todos os sentidos - pelos primeiros.

Os religiosos fake, aqueles que controlam a estupidez do que dizem acreditar, esses param onde convém. Ao menos não se metem a repetir coisas tão estúpidas como essa da terra plana, mas permanecem em sua estrutura de crença (e esse é seu limite, e por isso são religiosos, ainda, conquanto uma espécie fluida, difusa, confusa, de religiosos) muitos elementos que, guardadas as devidas proporções, são da mesma família da "terra plana" (só exigem um pouco mais de esforço para que se perceba)...

Há religiosos difusos com o limite tão esgarçado que alguém até diria que se trata de alguém academicamente embasado. Mas só tem uma forma de embasar academicamente as crenças religiosas (o fato de haver crenças religiosas, aí já são outros quinhentos!): é cooptar para dentro da prática acadêmica modelos de reflexão que são, a rigor, teológicos. Se funciona? Pode ter certeza...







Osvaldo Luiz Ribeiro

2 comentários:

Unknown disse...

Olá Professor.
Acho seu texto irretocável.
Posso compartilhar?

Unknown disse...

"Mas só tem uma forma de embasar academicamente as crenças religiosas (o fato de haver crenças religiosas, aí já são outros quinhentos!): é cooptar para dentro da prática acadêmica modelos de reflexão que são, a rigor, teológicos. Se funciona? Pode ter certeza..."

Como vai, Professor? Faz muito tempo, acho que não se lembre do meu nome! Mas vamos lá, a partir desse trecho da sua postagem que transcrevi acima!

Quando o senhor fala de modelos de reflexão teológicos, a referência é aos da teologia tradicional, certo? Ou entendi errado? É que me parece que modelos criados a partir de uma teologia a-vir-a-ser se coadunariam com a prática acadêmica, já que partindo de quem faz (ou ao menos tenta, ou se esforça por) teologia a partir de pressupostos extraídos das ciências humanas.

Outro ponto, os seus parênteses no trecho acima. A partir de quem se pode refletir mais equilibradamente sobre a existência ou não de crenças religiosas?

Um abraço!

Luciano Martins Pomponet

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