1. Lembro de um filme, já de algum tempo, que, em português levava o título de Fé demais não cheira bem. O ator norte-americano Steve Martin fazia o papel de um pastor itinerante, que, de cidade em cidade, montava sua tenda evangelística. O modelo, em si, é antiga. Mas parafernálias tecnológicas amparavam o empreendimento; ajudavam na venda da ilusão, na propagação das idéias da fé, de Deus, da salvação, em troca de contribuições para a continuidade.
2. Pessoas se colocavam a caminhar, por si ou pelas ofertas recebidas ou prometidas. Palavras movimentavam corpos. As agruras da vida simples, sofrida e frustrada na cidadezinha não permitiam grandes arroubos. As saídas eram limitadas.
3. Entendi que o objetivo do filme era a crítica a esses negócios da fé, a esse fabuloso mercado das trocas simbólicas, que, historicamente, granjeou grandes fortunas, fausto e glória a seus empreendedores. Atual e necessária é essa crítica. Ela se dirige às idéias, ao projeto, ao comércio, à manipulação, à desconexão entre o discurso e a prática efetiva. Ah, quanta hipocrisia! Neste sentido: "ai!", no melhor estilo profético bíblico.
4. No enredo do filme, contudo, aparece a figura de um jovem, semi-paralizado em consequência de um acidente. Está em busca de cura. Embora cético, se deixa levar pelas ofertas simbólicas. Parece ver além da parafernália retórica. Algo no seu ser busca uma dimensão mais profunda.
5. Numa cena digna dos melhores 'testemunhos', ele larga as muletas e começa a andar por conta própria. O que houve, de fato? Foi ajuda divina? Foi Deus mesmo? Foi a idéia de Deus?
6. Difícil dizer. Ações humanas são multicausais. No efetivo gesto do amor não se pode isolar uma só causa. Em jogo estão sempre razões diversas.
7. Apesar da crítica necessária, da hipocrisia, da ilusão, do comércio e das trocas simbólcias, ações de amor tem seu valor em si. Apesar e em meio a tudo isso - soa piegas, eu sei -, pessoas amam(-se) de verdade.
HAROLDO REIMER
2. Pessoas se colocavam a caminhar, por si ou pelas ofertas recebidas ou prometidas. Palavras movimentavam corpos. As agruras da vida simples, sofrida e frustrada na cidadezinha não permitiam grandes arroubos. As saídas eram limitadas.
3. Entendi que o objetivo do filme era a crítica a esses negócios da fé, a esse fabuloso mercado das trocas simbólicas, que, historicamente, granjeou grandes fortunas, fausto e glória a seus empreendedores. Atual e necessária é essa crítica. Ela se dirige às idéias, ao projeto, ao comércio, à manipulação, à desconexão entre o discurso e a prática efetiva. Ah, quanta hipocrisia! Neste sentido: "ai!", no melhor estilo profético bíblico.
4. No enredo do filme, contudo, aparece a figura de um jovem, semi-paralizado em consequência de um acidente. Está em busca de cura. Embora cético, se deixa levar pelas ofertas simbólicas. Parece ver além da parafernália retórica. Algo no seu ser busca uma dimensão mais profunda.
5. Numa cena digna dos melhores 'testemunhos', ele larga as muletas e começa a andar por conta própria. O que houve, de fato? Foi ajuda divina? Foi Deus mesmo? Foi a idéia de Deus?
6. Difícil dizer. Ações humanas são multicausais. No efetivo gesto do amor não se pode isolar uma só causa. Em jogo estão sempre razões diversas.
7. Apesar da crítica necessária, da hipocrisia, da ilusão, do comércio e das trocas simbólcias, ações de amor tem seu valor em si. Apesar e em meio a tudo isso - soa piegas, eu sei -, pessoas amam(-se) de verdade.
HAROLDO REIMER
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