terça-feira, 31 de março de 2015

(2015/371) O sangue de Cristo como lágrimas


Parte de um todo de igual pensamento, a comunidade não aceitava ordenação de mulheres. Uma senhora, todavia, ordenou-se a si mesma. Um pequeno grupo de pessoas conferiu legitimidade ao sacramento. Teve contra si todas as demais pessoas e muito sofreu de repreensões e desprezos explícitos e disfarçados. Mas não arredou pé. Casou-se com a mulher padre, batizou seu primeiro filho com a mulher padre, ia a todas as missas, não importava que os padres com testículos dissessem insistentemente que estavam em pecado a mulher padre e ele, fiel da mulher padre, ao que, todavia, ele reputava valor zero - e perseverava.

Aos cinco anos de idade, morre-lhe o filho. Dois anos depois, a esposa. Durante o velório dela, uma vela tocou em rendas e o incêndio lhe queimou as faces.

Quando saiu do hospital, retornou à missa. Dirigiu-se ao altar, cuspiu na mulher padre e virou a mesa, espalhando hóstia pelo chão, derramando o sangue de Cristo como lágrimas...









OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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