O segredo é o seguinte. O clero inventa um modo de jogo. É assim: tudo que seu mestre mandar, faremos todos. Aí, as crianças aceitam jogar. Tudo, pois, que seu mestre manda, as crianças fazem. Mais: tudo o que seu mestre diz que é assim é assim. Se o mestre diz, é. Se o mestre fala, é. Tudo o que é real é real porque o mestre disse que é real e tudo que o mestre diz que é irreal é irreal porque o mestre diz que é.
Está entendendo até aqui?
Pois bem, tudo no cristianismo é real porque os mestres do cristianismo dizem que é real e, então, as crianças do cristianismo tomam com o real. E tudo que no cristianismo é irreal é irreal porque os mestres do cristianismo dizem que é irreal e as crianças do cristianismo tomam por irreal.
Continua entendendo?
Pois bem. O protestantismo inventou de dizer - mas nunca levou a sério, não se preocupem! - que não tem mestre, só crianças. Sim, eu espero, pode ir ali morrer de rir e volte...
(...)
(...)
Já? Precisa rir mais um pouco, não é? Eu entendo... É, de fato, uma piada e tanto... Eu espero...
(...)
(...)
Continuemos. O princípio protestante, que nunca deixou de ser apenas isso, princípio, já que nunca foi posto em prática, nem será, é, todavia, correto. Sociologicamente correto. Antropologicamente correto. Psicologicamente correto.
Por exemplo: se algumas crianças decidem que Bey é divina - divina, eu disse, porque diva ela já é, então, ela é divina. Ora, meus amigos, são as pessoas que decidem isso. Há muito tempo, alguém cismou de dizer que Jesus era divino. Colou. Hoje, alguém cisma de dizer que Bey é. É assim que funciona. E se vai ser o mestre ou a crianças que vão dizer quem é divino e quem não é, quem é real e quem não é, quem é irreal e quem não é, isso não faz a menor diferença, porque sempre é alguém a dizer e alguém a crer - ou não.
A única realidade aí é a psicológica e a político-sociológica.
Mais nada.
De sorte que podem ir brincar de Church of Bey, crianças, sem susto, assim como se brincam de Jesus divino...
Mas, por favor, não entreguem a Igreja a um mestre...
Deixem as crianças ir a Bey, já que não podem mais ir a Jesus...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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