sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

(2015/080) Eu, meu campo de batalha de mim contra mim mesmo

Todos os instintos biopsicológicos do homem, as pulsões da "alma" e do corpo, são animalescos. No campo da sexualidade, eles se desdobram na objetificação da mulher. O que eles querem é coito - e não importa se com Maria, se com Joana, se com Dolores. Coito. Somos bicho.

Mas ficamos aleijados. O cérebro cresceu demais. Neurônios demais, sinapses demais - voilà, consciência. Consciência "dada", cultura construída, valores, tabus, interdições.

Não se resolve isso pacificamente. Eis a contradição instaurada no real - Kant, Hegel... O mesmo Homem tem a pulsões e o mesmo Homem tem o não a elas. Maria, não. Não pode. Só Dolores. O "só Dolores" cala a pulsão? Não. Se Maria estiver disposta, esse homem pulsionado há de esquecer Dolores por dez minutos...

Onde quero chegar? Nisso: somos campo de batalha. Lutamos contra nós mesmos - e isso é a vida humana. Trata-se de uma batalha em que não posso vencer e em que não posso perder. Vence a pulsão? Torno-me um monstro animal dantesco e depravado, sem respeito algum por ninguém, nem Dolores. Vence a interdição? Torno-me um autômato sem vida, incapaz de demandar o que há de propriamente erótico dentro de mim...

O destino nosso é administrar a batalha interminável entre pulsão e consciência...

Acho que Freud já falou sobre isso.

E o amo por ter-me feito entender.







OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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