Tenho alunos angolanos. Ontem, um deles me "desbumdou" - e estou ainda pensando na questão.
Em certo momento da aula, disse à turma, indicando os angolanos, que eu não usava o termo negro, mas preto, porque acho que quem usa o termo negro para os pretos é porque, no fundo, considera o termo preto um termo que os diminui: não são pretos, são negros, é o raciocínio... Eu, então, os chamo pretos, porque são pretos, assim como eu sou branco...
Um deles interrompeu e disse-me:
Não somos pretos.
Ah?
Somos castanhos...
Ah?
Veja, ele disse, e pegou uma mochila preta, encostando-a a seu braço, isso é preto, isso não, isso é preto e isso é castanho...
(...)
E você não é branco. Você é um amarelo pálido, um pardo...
Eu nada mais disse, porque não tinha mais estofo para continuar a conversa. Só fiquei parado, olhando para um ponto fixo entre o nada e o lugar nenhum, sem saber o que pensar e o que dizer...
Eu estava diante de que fenômeno?
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