sexta-feira, 4 de outubro de 2013

(2013/1143) Quatro graus de lucidez


Grau de lucidez ao máximo: não precisamos da Bíblia para decidir as nossas questões morais, políticas, éticas e estéticas. Grandinhos que somos, democraticamente, as discutiremos, recorrendo à memória da civilização (dentro da qual, ao lado de todas as demais, aí, sim, consta, também, a Bíblia).

Grau de lucidez menos um. O bom teólogo, reconhecendo a procedência da declaração, assume que não dá pra dizer isso publicamente. Então, ele diz à comunidade que a Bíblia tem que ser lida a partir da ética (moderna). Ele se apoia na Regra de Ouro e, então, ensina a comunidade a selecionar textos - esse, sim, é bom, esse, não, esse é mau. Assim, ele deixa a comunidade achando que é a Bíblia a dona do pedaço, quando não é...

Grau de lucidez menos dois. O sujeito ensina a comunidade a cumprir o que a Bíblia diz, mas, por baixo dos panos, ele e a comunidade fingem que a Bíblia não diz um monte de coisa, porque, se eles levarem a sério esse monte de coisas, tanto terão que fazer ou deixar de fazer coisas que não querem, quanto terão de parar de se intrometer na vida dos outros.

Grau de lucidez menos três. O sujeito é doido de pedra- e o que ele encontra escrito, ele faz.

Conheço gente de todos os tipos, exceto o menos três.






OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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