quarta-feira, 11 de março de 2020

(2020/019) Morreram todos os teólogos alternativos


Morreram - e morrerão - todos os teólogos alternativos. Qualquer teólogo que ouse tentar dizer que a teologia não é o que a teologia diz que é, que a fé não é o que a fé diz que é, será morto, como mortos foram todos os que, a seu tempo e modo, tentaram dizer.

Bultmann é o principal, o mais radical, porque o que ele propunha para a fé e a teologia era tratá-las como teatro e cinema. No culto, tudo real, com emoção e tudo, com profundidade e investimento total do ser. Mas, findo o culto, volta-se para o mundo, aquele mundo que outro teólogo - menos - alternativo, Bonhoeffer, chamava de mundo adulto. O culto de Bultmann era a creche dos homens que ainda queriam brincar de crer. Culmann e seus rapazes, todavia, não permitem que homens adultos brinquem de crer, e exigem que homens adultos finjam que são adultos e que o culto é coisa de adultos. A crença é a maior dentre todas as mentiras que homens adultos contam para si mesmos.

Um teólogo pode tratar a fé como bem queira. Mas, para um homem do mundo adulto de Bonhoeffer - e não para ele mesmo! - a fé é mero sentimento aderido a mito. Teologia é mito racionalizado, e qualquer fenomenólogo - um Croatto, por exemplo - não apenas sabe disso, mas ensino isso. Dê tempo a uma crença, e ela se refina, e se refina tanto que se faz como se fora filosofia, como se fora conhecimento. Mas, ao fim e ao cabo, com todo refinamento, não é nada além de mito, o mesmo mito grosso e grosseiro do início, mas com grife.

O homem e a mulher adultos devem encarar isso. Ou não são adultos.

E quanto aos teólogos, estão vivos todos os que garantem a você que, medievalmente, modernamente ou pós-modernamente, a fé é real para cacete.






OSVALDO LUIZ RIBEIRO


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