1. Ossos do ofício. Professores de programas de pós-graduação da CAPES têm a obrigação de publicar artigos acadêmicos em revistas classificadas pelo sistema Qualis. Nos termos das novas regras, não é uma tarefa que você controle. Em fevereiro desse ano, encaminhei três artigos para análise em três diferentes revistas, todas Qualis para o nível de avaliação necessário ao Programa de Mestrado em Ciências das Religiões da Faculdade Unida, onde trabalho.
2. Inscrevi um artigo no sistema da Estudos Teológicos (Qualis A2) a EST (São Leopoldo). É mecânico e impessoal o processo. Não falei com ninguém, seja pessoalmente, por e-mail ou telefone. Em tese, o processo deve ser esse.
3. Em alguns dias, o artigo entrou em análise. Em algumas semanas, passou para a fase de editoração. Imaginei que fora aprovado. Até aí, nenhum contato pessoal. Tudo por conta do processo.
4. Sexta-feira passada, recebi e-mail institucional e de divulgação geral, não diretamente dirigido a mim, mas a todos os cadastrados no sistema, informando da publicação do número 1, volume 52, 2012, da Estudos Teológicos - e lá está meu artigo...
5. Perfeito. Não pelo fato de meu artigo ter sido publicado. Ele podia ter sido rejeitado. Os avaliadores poderiam tê-lo considerado indevido, impróprio, ruim. O que me interessa é o processo - impessoal. Independe-se de "amizades", de indicações, de ligações, de contatos. Inscrevi meu artigo, leram, verificaram se eu preenchia todas as condições para pontuação da revista (doutorado, programa CAPES), consideraram adequado o texto, aprovaram, publicaram.
6. Penso que esse deva ser o modelo de gestão das revistas Qualis. Democrático, crítico, impessoal, transparente, rápido.
7. Ganhei a semana, o mês, o semestre...
8. Tanto pela publicação em A2 quanto por perceber que é possível fazer as coisas funcionarem de modo que todos tenham as mesmas chances, os mesmos direitos. Em termos de democracia e ética, é mais fácil falar do que ser e fazer. Nesse sentido, todos os meus agradecimentos a EST e aos editores da Estudos Teológicos.
9. O artigo é:
Sangue e Vômito - reinscrição transgressiva em Is 4,2-6 | |
Osvaldo Luiz Ribeiro |
10. Trata-se da proposta de aplicação do modelo retórico de "reinscrição transgressiva" em Is 4,2-6. Um (ou uma?) intelectual orgânico, vinculado à liderança campesina, emprega os termos técnicos do Templo de Jerusalém para contraditar a teologia sacerdotal, construindo, de modo transgressivo, sua própria utopia, nos termos da qual a glória de Yahweh é o próprio camponês, debaixo da cabana, protegendo-se do sol e da chuva, no campo, em seu trabalho. Reinscrição transgressiva de alto poder subversivo.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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