segunda-feira, 23 de julho de 2012

(2012/577) De líderes evangélicos soft e clean

1. É apenas a confissão de um sentimento - nada mais do que isso. Não se vá julgar que aqui vai a profundidade de uma análise de décadas... É, apenas, uma percepção.

2. Um aluno me pergunta sobre líderes evangélicos "progressistas". Deixem-me precisar o termo: os que vão à mídia, de um jeito ou de outro, ou que fazem conferências, assumindo o papel de mantenedores da boa fé e da boa tradição - nesse caso, diretamente em contrário aos novos líderes e às novas tendências evangélicas...

3. O aluno deu nome a bois. Eu não darei. E não os chamarei de "progressistas", mas de pastores soft e clean...

4. Não é de hoje que sempre fui um desinteressado completo pelo que líderes evangélicos "soft and clean" tinham a dizer. Houve épocas em que eram eles os donos da bola, que arrastavam multidões. Hoje, são os Macedos e "apóstolos" da vida.

5. Aos "progressistas/intelectuais" do meio, resta a reserva de mercado de um discurso do "nós" seguimos a sã verdade, ao "espírito" (verdadeiro!) do Evangelho, as orientações do "Mestre", a boa prática bíblica, essas coisas.

6. Vá lá. Talvez se possa analisá-los sociologicamente: têm seu papel. O que me incomoda, todavia, neles, em todos os que eu ouço dentre eles, é seu ar de presunção, de prepotência moral e ética, de arrogância teológica, palavras escolhidas, medidas, pesadas e sopesadas, uma apologia sutil e refinada, mas a velha e esgarçada apologia de todos os séculos...

7. Há algo neles que me mantém à distância.

8. A inveja, talvez?

9. Anotado.

10. Todavia, foram também eles, eles e sua legião de pequenos-"soft and clean" e bons-tradicionais (que você identifica pelo púlpito, pela prédica, pelo rebanho), os responsáveis - diretos?, indiretos? - da emergência dos neopastores: o mercado de Bíblia e oração, essa miséria epistemológica...

11. Pior ainda: cooptaram e deturparam o sentido de palavras como crítica, reflexão, racionalidade. Domesticaram-nas para si mesmos, anulando o poder que elas, a crítica e a reflexão, têm de desmontar fantasias e quimeras mitológicas. 

12. Quem os ouve, acha que está diante de grandes "pensadores". Mas não. Trata-se da "velha" igreja, de pregar as velhas doutrinas, de dar a elas a aparência de coia nova e "moderna"...

13. Mas é nada. Pode até ser boa. Mas não é nova. É velha. E, nesse caso, viva! os fundamentalistas!

14. Basta ver que lá se faz tudo sempre igual, da mesma forma como se fez desde sempre que essa moda pietista e fundamentalista nasceu, na Inglaterra e nas terras do Norte...

15. Não, senhores. Se é para chocar, que eu choque de vez: prefiro ouvir o apóstolo, e ver sua nudez nauseabunda, a assistir pastores pintados de tons de gris e ar soft.

16. Mas, cá entre nós, o problema, vai ver, está em mim...

17. Seja como for, não, nunca me encantaram os pastores clean...

18. E não será agora...




OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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