2. Um texto pode ser o que nós quisermos e nós podemos fazer o que nós quisermos com ele.
3. Um texto é o que ele é e eu e/ou nós devemos lê-lo como ele pede.
4. A alternativa do parágrafo um é estética. É legítima. Posso tratar um texto com eu bem entender - se o jogo é estética. Qualquer texto - até com certidões de óbito, exceto a minha...
5. A alternativa do parágrafo dois é política. Como nós chegaremos a determinar o que um texto é e como nós vamos usá-lo é irrelevante. Relevante é o fato de que somos nós a fazê-lo. Política. Não importa o texto - se nós decidimos e - porque decidimos é assim - então o jogo é político.
6. A alternativa três é heurística. Não interessa o que você pense que um texto é, não interessa o que nós pensemos - interessa o que ele é. Isso implica em que haja apenas uma atitude correta nesse caso: submeter-se, ativo/passivamente, ao que o texto é.
7. Nesse caso, é um pouco mais complexo do que as alternativas um e dois. O texto pode ser, originalmente, um poema. Não, uma crônica em prosa. Ou ainda, um documento. Uma lei! Pode ser qualquer coisa. Pode ser uma descrição, pode ser uma ordem, pode ser uma reação, uma crítica. Pode ser qualquer coisa. E é ele, nisso que ele é e enquanto o que ele é, que deve me dizer como deve ser lido - não há regras prévias: as regras se aplicam em conformidade com o "ser" do texto...
8. Nesse caso, não interessa "que autor você está usando" para ler. O que interessa é que leia de modo a pôr-se adequadamente diante desse texto que exige de você essa - e não aquela - atitude. O que, todavia, só se revela ao final...
9. Não faz diferença se você "acredita" nisso. Não se trata de uma questão de acreditar. Até esse meu texto, que escrevo agora e você lê - você pode tomá-lo como o que quiser, fazer dele uma piada ou um hino; você e seus amigos podem, juntos, decidir como usá-lo; independentemente de sua subjetividade ou de sua intersubjetividade, este texto está dizendo uma e uma única coisa - e se sua atitude for descobrir isso que ele quer, só há uma coisa a fazer: ouvi-lo.
10. Se você pode fazer o que quiser, porque ninguém manda em você? Claro. E o que isso muda, meu caro? Nada... Não muda absolutamente nada... Porque você pode decidir por você, pode até decidir pelo seu grupo - mas não pode decidir pelo que um texto é sem fazer disso uma alternativa um ou dois...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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