1. Há cem anos - o "Quebra do Xangô", quando centenas de terreiros de candomblé foram destruídos em Alagoas, e os sacerdotes e sacerdotisas do culto espalhados e perseguidos. Uma história de política e religião. Fala-se de espancamento de negros. Não duvido.
2. Abaixo, um breve documentário (a rigor, um resumo), algumas notícias da mídia, trabalhos acadêmicos (Mestrado) e contato para o documentário completo (52 m).
A história de repressão aos cultos afro-brasileiros não é restrita a casos isolados no Brasil, acontecendo em todo o território nacional. Em Maceió, em 1º de fevereiro de 1912, a intolerância racial e religiosa parece ter atingido um dos seus níveis mais violentos. O quebra-quebra atingiu todos os terreiros da cidade, convertendo-se em um massacre e deixando marcas profundas na cultura local.
Em 1912, a República Velha passava por uma fase especialmente turbulenta. A eleição do Marechal Hermes da Fonseca à Presidência, dois anos antes, acontecera sob fortes questionamentos daqueles que desejavam um presidente civil. Setores ligados ao Exército, os quais apoiavam o presidente, advogavam a necessidade dos militares intervirem na política, marcada pela forte corrupção e pelo mando das oligarquias. Esta ideologia deu início a Política das Salvações, onde governadores eram derrubados por meio de golpes militares.
O estado de Alagoas do início do século também estava sob o mando de uma oligarquia. Governador por 12 anos, Euclides Malta era acusado por seus opositores de decadência moral, devido às suas relações com os terreiros de Maceió. O Quebra de 1912 aconteceu num misto de motivações políticas com preconceitos contra os templos afro-brasileiros, sendo as entidades africanas demonizadas e associadas a práticas de bruxaria. O acontecimento, que levou a deposição de Malta, gerou também um retrocesso no processo de afirmação da cultura negra numa sociedade pós-escravocrata, tendo repercussões em todo o estado.
(Alagoas 24 Horas)
'Quebra de Xangô': após 100 anos, Governo de Alagoas pede perdão
Centenas de adeptos da religião afro-brasileira de todas as idades saíram em caminhada pelas ruas do Centro de Maceió para lembrar o centenário do "Quebra do Xangô" ou "Quebra de 1912".
Com muita música e alegria, membros e simpatizantes da cultura afro-brasileira de Maceió e do interior se concentraram na Praça Dom Pedro II na tarde desta quarta-feira, 01, e em seguida, saíram em passeata até a Praça dos Martírios, onde o Governador de Alagoas, Teotonio Vilela Filho, assinou um pedido de perdão pelo massacre de 1912.
"Sempre fomos discriminados e o pedido de perdão do Governador aos Orixás é uma forma de reparar o erro do passado e também o reconhecimento da religião", disse José Ernesto, o pai Zeca do bairro da Jatiúca.
O projeto Xangô Rezando Alto, promovido pela Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), faz referência a repressão aos cultos afro-brasileiros em 1912 quando uma milícia armada invadiu todos os terreiros peseguindo os adeptos da cultura. Após o episódio, os atabaques foram silenciados, sendo usadas apenas o som das palmas para contemplar os orixás.
"Esse projeto faz parte de um trabalho voltado para uma cultura afro. Desenvolvido pela Uneal com o apoio do Ministério da Cultura. Recebemos recursos federais para executar o projeto, que contempla apresentações artísticas, cartilhas educativas, prêmios para expressões culturais e simpósio sobre o tema", afirmou o vice-reitor da Uneal, Clébio Araújo.
Ainda na noite desta quarta e na quinta-feira, 02, haverá apresentação artística e cultos afros na Praça dos Martírios.
Para o documentário
Título: O Quebra do Xangô (Alagoas – 2007 – 52 min)
Direção: Siloé Amorin
Co-produção: Siloé Soares de Amorim
Staff Áudio e Vídeo | IZP | Secretaria de Estado da Cultura de Alagoas
(cf. aqui)
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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