1. Encanta-me, cada vez menos, a magia da Europa. Viajar para lá, por qualquer razão, dá-me, a cada dia, mais pesar - e isso só o pensamento de tal coisa!, que lá (ainda) não fui. Sim, eu sei: é um "povo" civilizado, grandiosas construções, museus, ah, quanta cultura!, obras de arte! O que costumeiramente nos esquecemos de dizer é que tudo isso é fruto de rapina, desde a época das caravelas, depois, das colônias e, ainda hoje. Rapina. E dá-me pena chamar a essa cultura de cultura de abutres, porque os abutres o fazem para o serviço do mundo, enquanto a Europa...
2. É um povo de guerra e, tal qual ele, seu filho mais ilustre: o abutre, digo, a Águia do Norte, filha trezentas vezes dessa raça de homens da guerra. Espanha, França, Alemanha, Inglaterra, Itália, Portugal, até. Qual dessas nações chegou onde chegou a não ser por meio da expropriação da riqueza de outros povos, de outros mundos, de outra gente? De negros, de índios, de asiáticos (indianos), oceânicos.
3. Ah, os museus! Belíssimos. Não sei se poderia, diretamente, acusar as pinturas, as esculturas renascentistas de obra de raptores - pelo menos não diretamente. Mas logo chegamos à fase dos séculos das caravelas, e vamos aos museus para ver coisas do... Egito!, da Babilônia!, da Pérsia! E que nome dar a isso, senão roubo?
4. Não, não gosto da Europa. A cada dia, menos. E não estou só nesse sentimento.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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