1. A declaração é da ativista e feminista egípcia Nawal el Saadawi. Talvez - será? - muito radical. Talvez não. Todavia, a despeito de podermos, sem dúvida, levantar, aqui e ali, casos de contra-prova, na regra, na linha média, no conjunto, não discordaria de el Saadawi.
2. Já disse algumas vezes, e, em sala de aula, muitas, que, no Ocidente, quero dizer, no Cristianismo, a libertação da mulher deveu-se - sobretudo - à "morte de Deus". Em linguagem histórica, ao advento das repúblicas ocidentais modernas, isto é, laicas. Em linguagem figurada, e emprestando a força da fórmula de Nietzsche, foi necessária a morte de Deus para que as mulheres pudessem ao menos começar sua luta por igualdade: que ainda não acabou...
3. Era como se os homens e Deus tivessem feito um acordo - os homens ajoelham-se diante de Deus, se, em contrapartida, as mulheres se ajoelham diante dos homens: "o teu desejo será para o teu homem, e ele te dominará". Acordo fechado!
4. Sim, haverá casos de resistência. Cânticos dos Cânticos, Rute, alguma tradição jesuânica, mas, tirando esses casos, choro e ranger de dentes...
5. Assim, para as mulheres, a "morte de Deus" não foi de todo ruim. Pelo contrário! Deus era alguém inapelável, um acordo forte demais para ser vencido... Até que...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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