1. "A vida - depende da physis, nasce e renasce na physis, da physis. A matéria viva é matéria física" (Edgar Morin, O Método 2 - a vida da vida, p. 285). A vidá é matéria...
2. O segundo capítulo da jornada darwiniana ainda não terminou. Mal terminamos de - muitos sequer começaram a - assimilar a evolução biológica, proposta por Darwin e já nos vemos obrigados a pensar ainda mais longe - a evolução física humana. Tanto quanto o homem é biológico, da mesma forma deve-se conceber o homem como físico - em todos os sentidos, para todos os fins.
3. E mais - a vida é matéria, é física! Quantas implicações! Uma delas, a mais difícil, talvez, de conceber - talvez mais difícil ainda do que o fato de que a Terra gire - e, no entanto, estamos "parados"! - em torno do Sol - e no entanto é ele quem passa sobre nossas cabeças todos os dias! Trata-se da implicação-mor, por assim dizer: o pensamento é material.
4. Até ontem, e desde há milênios, tínhamos o pensamento como não-material, um estrangeiro no planeta. Platão nos ensinou a ver, aí, a alma - e tão bem recebida ela foi que Descartes a manteve em seu Método - o "eu", a "alma" e "Deus".
5. Mesmo depois de Darwin, para muitos, para a grande maioria, é como se a alma houvesse convivido com os hominídeos desde sempre - ou terá a alma "descido" somente sobre os Homo sapiens? Seja como for, não sabemos quando a alma encarna, se encarna, o que ela faz. Nisso, Descartes estava errado, pois cogitava de a alma pensar, e, agora, estamos aptos a conceber o pensamento como fenômeno do conectoma humano - o sistema neuronal, elétrico, químico, neuronal, hormonal, bio-físico, cerebral, psicológico, humano. Se faz, a alma faz outra coisa. Pensar, pensa-o o homem. Quem sabe ela aperte o botão?
6. Meus queridos, quantas implicações de o pensamento advir do coração da matéria! Mas ainda convivemos com o princípio disjuntivo, dualista, separador, dicotômico, que trata o homem como "pensamento" e trata o mundo como "matéria" e estabelece aí e assim um fosso intransponível - com todos os argumentos clássicos da disjunção dualista.
7. Vai demorar. Mas temos paciência. O homem espera a milênios por esse dia. Há de esperar mais algumas décadas. Mas virá. Eventualmente...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
PS. para um livro sobre a vida como emergência física auto-organizada, cf. o livro de um dos autores a quem Morin se diz, nesse campo, devedor - Francisco Varela, El Fenómeno de la Vida. Ainda dele, em co-autoria com outro biólogo a quem Morin se diz devedor - Francisco Varela e Humberto Maturana, De Máquinas y de Seres Vivos - autopoiesis: la organizacíon de lo vivo. Naturalmente que as referências prestam à discussão da origem física da vida - no que diz respeito às implicações disso, parece-me que Maturana considera que nada muda em relação a como cogitávamos das coisas, antes de "sabermos" que a vida é matéria - é ela lá (se é que está lá), e nós cá - mas "cá" onde?
2. O segundo capítulo da jornada darwiniana ainda não terminou. Mal terminamos de - muitos sequer começaram a - assimilar a evolução biológica, proposta por Darwin e já nos vemos obrigados a pensar ainda mais longe - a evolução física humana. Tanto quanto o homem é biológico, da mesma forma deve-se conceber o homem como físico - em todos os sentidos, para todos os fins.
3. E mais - a vida é matéria, é física! Quantas implicações! Uma delas, a mais difícil, talvez, de conceber - talvez mais difícil ainda do que o fato de que a Terra gire - e, no entanto, estamos "parados"! - em torno do Sol - e no entanto é ele quem passa sobre nossas cabeças todos os dias! Trata-se da implicação-mor, por assim dizer: o pensamento é material.
4. Até ontem, e desde há milênios, tínhamos o pensamento como não-material, um estrangeiro no planeta. Platão nos ensinou a ver, aí, a alma - e tão bem recebida ela foi que Descartes a manteve em seu Método - o "eu", a "alma" e "Deus".
5. Mesmo depois de Darwin, para muitos, para a grande maioria, é como se a alma houvesse convivido com os hominídeos desde sempre - ou terá a alma "descido" somente sobre os Homo sapiens? Seja como for, não sabemos quando a alma encarna, se encarna, o que ela faz. Nisso, Descartes estava errado, pois cogitava de a alma pensar, e, agora, estamos aptos a conceber o pensamento como fenômeno do conectoma humano - o sistema neuronal, elétrico, químico, neuronal, hormonal, bio-físico, cerebral, psicológico, humano. Se faz, a alma faz outra coisa. Pensar, pensa-o o homem. Quem sabe ela aperte o botão?
6. Meus queridos, quantas implicações de o pensamento advir do coração da matéria! Mas ainda convivemos com o princípio disjuntivo, dualista, separador, dicotômico, que trata o homem como "pensamento" e trata o mundo como "matéria" e estabelece aí e assim um fosso intransponível - com todos os argumentos clássicos da disjunção dualista.
7. Vai demorar. Mas temos paciência. O homem espera a milênios por esse dia. Há de esperar mais algumas décadas. Mas virá. Eventualmente...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
PS. para um livro sobre a vida como emergência física auto-organizada, cf. o livro de um dos autores a quem Morin se diz, nesse campo, devedor - Francisco Varela, El Fenómeno de la Vida. Ainda dele, em co-autoria com outro biólogo a quem Morin se diz devedor - Francisco Varela e Humberto Maturana, De Máquinas y de Seres Vivos - autopoiesis: la organizacíon de lo vivo. Naturalmente que as referências prestam à discussão da origem física da vida - no que diz respeito às implicações disso, parece-me que Maturana considera que nada muda em relação a como cogitávamos das coisas, antes de "sabermos" que a vida é matéria - é ela lá (se é que está lá), e nós cá - mas "cá" onde?
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