domingo, 14 de março de 2010

(2010/222) Inseparáveis


1. Quando a Reforma fez de todos os dias dias do Senhor. Quando a Reforma fez de todos os crentes sacerdotes. Quando a Reforma fez de todos os lugares lugares santos. Quando a Reforma pôs Deus em tudo e em todos. Nesse dia, a Reforma dissolveu o dístico inseparável - sagrado e profano. Foi Lutero, por assim dizer, quem forjou a secularização, a modernidade, a emancipação, porque a Reforma produziu, alquimicamente, a crítica, a autonomia, a liberdade, e, contudo, não soube, jamais, como pais a quem falta o trato, cuidar das crias. Paridas, foram expulsas de casa, como meninas prenhas de igreja. Não se pode, Lutero, não se pode, não, separar o sagrado e o profano, porque um é o outro lado do outro, como uma moeda, para o que é impensável um lado só. A Reforma julgou ser possível criar uma moeda de um só lado - Deus onipresente... Todavia, com isso só logrou expulsá-lo do mundo, torná-lo inútil, inutilizá-lo. Não é por outra razão que se odeia tanto a Nietzsche nos arraiais "luteranos" - porque ele o denunciou. Não, não foi Nietzsche o assassino - foi Lutero. Nietzsche foi apenas testemunha de acusação. Doravante, sabia-o a testemunha, o cadáver insepulto da Inutilidade protestante ver-se-ia carregado às costas deicidas... Até quando?

2. My Immortal, em versão profana, em versão sagrada...


I'm so tired of being here Suppressed by all my childish fears And if you have to leave, I wish that you would just leave 'Cause your presence still lingers here and it won't leave me alone These wounds won't seem to heal This pain is just too real There's just too much that time cannot erase When you cried I'd wipe away all of your tears When you'd scream I'd fight away all of your fears And I held your hand through all of these yearsBut you still have all of me You used to captivate me by your resonating light Now I'm bound by the life you've left behind Your face it haunts my once pleasant dreams Your voice it chased away all the sanity in me These wounds won't seem to heal This pain is just too real There's just too much that time cannot erase When you cried I'd wipe away all of your tears When you'd scream I'd fight away all of your fears And I held your hand through all of these years But you still have all of me I've tried so hard to tell myself that you're gone But though you're still with meI've been alone all along When you cried I'd wipe away all of your tears When you'd scream I'd fight away all of your fears And I held your hand through all of these years But you still have all of me.

3. Mas qual é a sagrada?, qual é a profana? Quem? Quem, ó Deus? Quem, ó Não-Deus? Quem pode apontar para vós? Só os vossos assassinos... E por isso, ó Inseparáveis, por isso arranco todos os meus indicadores - que não vos apontem! -, meus olhos - que não vos vejam! - meus ouvidos - que não vos ouçam! - para viver nu e no risco, humílimo pó de estrelas... Caminho só, no limite da inseparável cicatriz que vos amarra, afogado no inseparável mar de vossos corpos...


Immortal Bridge - Monte Tai (China)




OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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