sábado, 6 de março de 2010

(2010/180) De milagres


1. Li na Seleções, há anos. Gabinete pastoral. Pastor, que milagre! Estava na curva da montanha, a carruagem virou, despencou 300 metros, e eu caí, em segurança, na estrada, sem despencar morro abaixo. Milagre! E o pastor. Também tenho um milagre pra contar. Hoje, passei ali, e não aconteceu nada...

2. Desgosto dessa mania de o povo evangélico em tudo querer milagres. Não estou, agora, interessado nos motivos. Uma vitimização programática desse povo pode justificar essa alienação civilizatória. Desgosto, e pronto. Acho um saco a espiritualização excessiva, patológica, de tudo, de todos, uma massificação de Deus, de Jesus, do Espírito Santo - mel demais enjoa... O sagrado, para mim, é como rara sobremesa... Não é caviar, porque está ao alcance de qualquer um. Mas também não é bala juquinha...

3. O que não significa, contudo, que eu não espere por milagres - efetivos. Há momentos na vida da gente que só esperando um milagre. Mas, cá entre nós, não são todos os dias, todas as semanas, todos os meses, esses momentos. Na maioria das vezes, o milagre que devíamos esperar era nossa coragem de enfrentar a vida sem resmungos, sem reclamações e criancices espiritualóides. Ah, mas esse milagre nem Deus faz...


OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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