1. O problema da Teologia Sistemática é um só - ela quer dizer-se bíblica, por força das circunstâncias (Lutero, século XVI e Vaticano II, século XX), mas não resiste à meia hora de confronto com o texto bíblico - se não usar suas próprias armas. No campo onde vige a Exegese, não cresce um ramo de Sistemática. Por isso, terá de eternamente inventar modos de dizer-se bíblica, sem o ser...
2. Toda a Teologia Sistemática, católica, ortodoxa ou protestante, é fruto da Histórica Cristã, elaborada pela força da história da recepção de textos bíblicos em contextos totalmente dissociados dos pronunciamentos originais, recepção essa materializada de modo político e alegórico-cristológico. Logo, não há a menor chance, qualquer que seja, de a Teologia sustentar-se biblicamente - salvo por meio de um fundamentalismo biblicista irracional, mas racionalizador (o "caso" estadunidense), ou por meio de relativizações hermenêuticas programaticamente estabelecidas para a defesa desse dizer tradicional (o "caso" europeu).
3. Resta à Teologia, para continuar a dizer o que vem dizendo há dois mil anos, destruir sua assassina - a modernidade. Assim, passarão a conviver duas Teologias Sistemáticas no mercado, cada qual conforme o modus operandi do crime: uma, fundamentalista, de estilo barthiano, dogmática e pré-moderna, medieval, que assassina a critica e a exegese pela força da autoridade. Outra, "hermenêutica", metafórica, pós-moderna, pós-crítica, que assassina a crítica e a exegese pela força da relativização dos discursos. Simples assim.
4. O comum entre elas? O controle homilético das massas. E, naturalmente, a supressão do espírito crítico, encarnado na Exegese. É que uma coisa dá na outra... Se assim se faz na cátedra, o que não se estará fazendo no púlpito...!
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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