segunda-feira, 13 de abril de 2009

(2009/162) Das desgraças

1. As desgraças desenvolvem-se em cadinhos. Nunca, no ermo. Então, quando o cadinho está cheio, ele entorna, vira, derrama toda aquela infusão de tragédias. Aí, se você está debaixo, pobre de você. Não há nada que faça o cadinho não entornar. A única coisa com que podemos contar é com a necessária dose de força, venha ela de onde vier, de Deus, da fé, dos amigos, da família, dos recursos, para atravessar o vale de lágrimas. Às vezes, passa. E, quando passa, é bom. Às vezes, não. É ai que alcançamos o sentido da dor humana.

2. Há centenas de anos atrás, nosso ancestrais israelitas/judaítas criam que as desgraças eram causadas por Yahweh, que ele fazia tanto o bem quanto o mal. Escreveu-se isso, para memória das nações: Is 45,1-7.

3. Depois de seu contato com os persas, que ensinavam que o bem é feito por um deus-do-bem, e o mal, por um deus-do-mal, deuses, ambos, os judaítas refletiram, refletiram, refletiram - por uns trezentos anos! -, até que chegaram à conclusão de que o bem, apenas o bem, é feito por Yahweh, enquanto o mal, a correição desgraçada das misérias humanas, é perpetrado pelos diabos, aos milhões, que a mãe dos diabos é uma enorme rainha-cupim, que só faz parir demônios.

4. Sei lá. Não importa quem faz a desgraça, se Deus ou os diabos. O que importa é que, quando chega uma, pode deixar a porta aberta, que ela traz acompanhantes. Às vezes, além do sofrimento, não é nada que recursos financeiros não resolvam. Mas as desgraças costumam ser piores do que aparentam. Contra elas, nossos melhores aliados são os familiares amigos, os amigos, quando não fogem, o tempo. É só com eles que, efetivamente, podemos contar.


OSVALDO LUIZ RIBEIRO

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Sobre ombros de gigantes


 

Arquivos de Peroratio