1. No fundo, não me impressionam as montanhas. O que eu quero não está nelas. Aliás, escalá-las apenas revela aquilo que a alma já antecipa - não há fim para o horizonte...
2. Estar na pradaria, no centro do mundo, é ter, à toda volta, o horizonte. Não importa para onde se caminhe - e a vida é caminhada, sempre -: há, sempre, um horizonte a mentir para nós um sinal de estalagem. Não há pousada na vida, só estrada, e a única estalagem chama-se morte.
3. Por isso que as montanhas são, a rigor, percalços, desafios, entraves, olimpíadas, a nos exigir mais do que passos para a frente, mas esforços para cima. Mas isso não porque é em cima que o final da estrada está. Não. Não há final - muito menos em cima. A estrada permanece, à frente, montanha abaixo, inexoravelmente, na direção da mentira da vida - o horizonte. E é só porque nos faltam, derradeiramente, as forças, que a caminhada finda.
4. O horizonte, contudo, continua lá, assistindo, impassível, a decomposição de nossos corpos, atônito de por que não caminhamos mais... É essa, todavia, a única ação humana que põe fim à opressão de caminhar... A morte, não a fé, é a única escapatória à condição humana. Maldição? Depende do dia... Quiçá seja, mesmo, uma bênção.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
2. Estar na pradaria, no centro do mundo, é ter, à toda volta, o horizonte. Não importa para onde se caminhe - e a vida é caminhada, sempre -: há, sempre, um horizonte a mentir para nós um sinal de estalagem. Não há pousada na vida, só estrada, e a única estalagem chama-se morte.
3. Por isso que as montanhas são, a rigor, percalços, desafios, entraves, olimpíadas, a nos exigir mais do que passos para a frente, mas esforços para cima. Mas isso não porque é em cima que o final da estrada está. Não. Não há final - muito menos em cima. A estrada permanece, à frente, montanha abaixo, inexoravelmente, na direção da mentira da vida - o horizonte. E é só porque nos faltam, derradeiramente, as forças, que a caminhada finda.
4. O horizonte, contudo, continua lá, assistindo, impassível, a decomposição de nossos corpos, atônito de por que não caminhamos mais... É essa, todavia, a única ação humana que põe fim à opressão de caminhar... A morte, não a fé, é a única escapatória à condição humana. Maldição? Depende do dia... Quiçá seja, mesmo, uma bênção.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
2 comentários:
Osvaldo,
Que maravilha de texto!!!!
Será que me permites postá-lo no meu blog??
Engraçado, tenho um fascínio por montanhas, e sempre pensei nas pradarias como um lugar sem graça, sem relevo, sem contornos e curvas.
Mas o alvo acima lança a dificuldade, de fato.
Acho que não deixarei de amar as montanhas, uma das coisas que me faz amar o Rio de Janeiro.
Mas certamente verei as pradarias com outros olhos.
O tema do fim da existencia me mobiliza muito. Penso que estar aqui e agora é um privilegio, nesse exato momento, apesar dos pesares, que sempre teremos.
Mas o fôlego da vida é o nosso fôlego para a vida, como disseste. Sensacional!!! Não quero perdê-lo. Já estive perto de perde-lo e daí não resta nada, somente o fim de uma história. Então decidi escrever um pouco mais de história, da melhor maneira.
Eu te leio SEMPRE.
Sou fã, seguidora e tu me inspiras sempre, me instigas, me fazes pensar e mudar.
Grande abraço (Por favor, não saia daqui!!!) rs
Stella
Stella, querida, claro que podes usar o texto em teu blog. Doravante, não precisas pedir - basta transcrevê-lo(s).
Um abraço irmanal,
Osvaldo
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