sábado, 17 de maio de 2014

(2014/439) Fragmentos facebookianos


I.

Problematizar tudo e tanto que problematize-se até a própria problematização. Duvidar de tudo e com tanta perseverança que se duvide até da própria dúvida.


II.

Na prática, acho que alguns de nós funcionam para nossos alunos da mesma forma que alguns livros funcionaram para nós. Talvez não haja diferença substancial de fato: tanto faz ter respostas por meio de um livro ou de um professor. As alternativas são as mesmas: posso descrever cegamente de ambos, crer bovinamente em ambos ou problematizar apropriadamente os dois.


III.

Você não escreve nada, você é um preguiçoso...
Se escreve muito, é um superficial...
Difícil agradar a todos...
Mais difícil ainda é saber a linha que divide o pouco do muito...
Eu, por exemplo, achando que minha produção está estatisticamente a dever a mim mesmo e gente achando que escrevi demais...
Aí, não sei se estou com preguiça demais ou superficial de menos...


IV.

O religioso leigo que amaldiçoa os demais religiosos é um ignorante digno de pena.
O religioso culto que o faz é um criminoso digno de cadeia.


V.

Eu sou exageradíssimo: tão exagerado, que seriam necessários todos os livros do mundo para escrever os zeros que compõem o expoente a que meu exagero é elevado. Mas retire as hipérboles e lá está a coisa...


VI.

Para tornar-se bom, o monoteísta tem que cometer um monoteicídio ou parir outros deuses: ou mata o seu, ou dá à luz todos os outros. Antes disse - coisa ruim.


VII.

Todo monoteísta é um egoísta patológico, doente de pedra, um sujeito ruim dos nervos e debilitado da saúde da alma. Ele é tão egoísta, mas tão egoísta, que deseja que só a Ideia que ele alimenta nos intestinos seja real - as mesmíssimas, que os outros têm, não. E ainda banca o bom moço pra cima de mim... Cresce, ô, entojo... Só te resta espernear, sujeito ruim... Porque sequer negar vai poder...


IX.

Posso dizer - de modo procedente - que o século XX foi o século do uso reacionário da arte? Posso dizer que usou-se a arte, a filosofia da arte, a estética, como freio programático aos discursos materialistas-modernos-revolucionários?


X.

Há muita gente honesta e séria nas ruas, nas manifestações que acorrem e se avizinham - mas há muitos "caras pintadas", gente que se serve de inocente útil, massa de manobra de interesses dos quais eles estão alijados, mas aos quais, sem saber servem. Horrorosa a situação, porque, se por um lado você deveria aderir ou compartilhar as manifestações, por outro lado você sabe que ela serve mais ao diabo do que a Deus...


XI.

Mudar as Instituições, sem mudar a forma com que se pensa a Teologia e a religião não muda absolutamente nada. Em muito pouco tempo, o novo estará igualzinho ao velho - não, não é que o novo ficará velho: todo novo envelhece - é que esse novo se revelará igual ao que era velho...








OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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