domingo, 12 de abril de 2009

(2009/159) Da liturgia esdrúxua das almas líricas

1. Não posso ser culpado por isso. Na época eu nem era batista, nem sabia inglês. O que eu era era um adolescente suburbano padrão da década de setenta, daqueles que iam a "festas americanas" na tentativa de dançar "música lenta". Um dos momentos máximos das festas era quando tocava Commodores - Jesus is Love. Não, ninguém "louvava", não, cada qual corria para ser o primeiro a tirar pra dançar as meninas mais bonitas da festa. O que, para mim, era um momento de cândida excitação, fora, contudo, louvor cristão, e eu não soubera...


2. Louvor, contudo, que não é necessariamente, sempre, cristão. George Harrison pôde compor, mas os Beatles não quiseram cantar, e ele cantou, My Sweet Lord, um louvor a Krishnah. E é linda a música, a letra, o gesto...

 

3. Mas, pergunto-me a mim mesmo, haverá um momento como Invocação, de Chico César? Está bem, na voz de Maria Bethânia é indescritível, mas fiquemos, por ora, com o autor, derramando-se paraibanamente...


4. Difícil é minha situação. Eu não sei cantar. Não sei compor. Não sei tocar. Não sei louvar assim. Será se há de se recolher uma lágrima minha em lugar de notas?





OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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