sábado, 17 de maio de 2014

(2014/464) A conversa que tive com Deus sobre Zé Ramalho não estar no céu


Deus nem é doido de me fazer entrar no céu sem que lá esteja Zé Ramalho. É arrumar confusão à toa, tão mais fácil evitar os desaforos que há de escutar...

Já lhe fiz saber, com registro em cartório, que se Zé Ramalho não estiver no céu, lá não entro. Vou com as próprias pernas, se não mandado de limousine, para os quintais do inferno, mas no céu, sem Zé, nem morto...

Deus me livre passar a eternidade ouvindo louvor - "tá amarrado, em nome de Jesus". Se o pessoal que comprou cadeira marcada no céu quiser ouvir louvor por 1.000.000.000.000 de anos, que seja, ouçam até estourar os tímpanos, mas eu não, eu quero passar a eternidade a ouvir Zé - e de Zé para cima.

Uma solução é Deus se virar e fornecer fones de ouvido para cada um. E já que disse que ia fazer morada para todos e cada um, já aviso que a minha tem de ter tratamento acústico, que não vou querer dormir ouvido vizinho desinfeliz tocando gospel - vade retro.

Não deve ser difícil para Deus acertar as coisas. Um pouco de nuvem entre duas seções de parede deve servir para isolar meu bom gosto dessa tranqueira gospel. Eu desconfio que cada cinco minutos ouvindo isso custa setecentos e dezoito neurônios, que se matam de desgosto...

Assim, para não fazer valer a minha vontade e respeitar o mau gosto de quem quer passar a vida e a outra vida ouvindo essa coisa, a saída é: Zé no céu, em concha acústica, casas com revestimento acústico e fone de ouvido para os momentos em que eu não puder sair de perto das aglomerações de olhinhos virados...

Caso contrário, pode ajeitar um puxadinho para mim com o diabo, que vamos ouvir Zé até o sol raiar...

Beira-mar
(versões: clássica e revisitada)



A Terceira Lâmina, com Elba Ramalho


Avôhai
(versões: clássica e revisitada)









 OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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