Quis a vida que eu acabasse em uma igreja batista, daí em um seminário. Até 1988 - não mais depois! - se me mandassem a evangelizar a África a besta aqui ia. Eu era literalmente uma besta - um fundamentalista ignorante. Mas, acreditem, era honesto comigo mesmo. Eu era fundamentalista porque haviam me dito que era assim que se agradava a Deus...
No seminário, tudo mudou. Tudo. Radicalmente. Não ficou pedra sobre pedra.
Mas tudo ali é gueto. O curso livre não valia nada fora dali. Eu fiz graduação e comecei a fazer mestrado. Tudo livre. Valor zero fora daquele mundo.
Pois bem, lá havia um professor que sabia dos cursos da PUC-Rio, cursos oficiais, Mestrado e Doutorado em Teologia. Ele passou a vida toda dizendo a todos - inclusive a mim - que na PUC ninguém entrava. Não, aquilo é um lugar em que poucos podem e conseguem entrar. Só eu entrei, ele dizia de si mesmo. Nem tentem. É impossível.
E todos nós acreditávamos.
Até que Haroldo Reimer começou a lecionar no Seminário. Disse-nos que estávamos perdendo tempo em cursos livres. Que tínhamos que tratar de dar substância formal à formação.
Aquilo me doeu, porque eu não tinha nada...
Um belo dia, sem planejamento algum, mandei um e-mail para Bouzon, um dos professores de Bíblia da PUC. Do nada, pedi vaga. Contei quem eu era, o que eu escrevia, falei de meus artigos que não valiam nada, porque publicados fora do mundo acadêmico, mas que tinham algo a dizer. Ele pediu que eu fosse até ele e levasse meus rabiscos...
Em um mês estava matriculado. Em quatro anos e meio era doutor. Hoje, estou na Faculdade Unida.
Fico pensando naquele professor. Na PUC ninguém entra.... Por que ele dizia isso? Porque enganava a gente? O que ganhava com isso?
Eu sei que, depois que eu fui, a fila tornou-se enorme... Você vai tropeçar com gente por esse Brasil que fez o Seminário Batista e de lá saltou para a PUC. Muitos. Muitas...
Quanta gente deixou de progredir por causa daquela barreira falsa que nos era imposta...
Por isso, eu ouso. Aquele e-mail me pôs dentro da PUC. O e-mail e meus rabiscos. O incentivo de Haroldo e a boa vontade enorme de Bouzon.
Ouse.
Não dê crédito aos mesquinhos.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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