sexta-feira, 30 de maio de 2014

(2014/532) Confissões de um realista crítico místico


Eu tenho uma alma (ruborizadamente confesso) tão profundamente sensível e mística, tão desejada dos mistérios, tão interessada no sublime, tão facilmente encantável, tão absorta nas questões de sentido e profundidade, vida e existência, que é definitivamente um atestado de máxima incompetência dela a religião ter, definitivamente, se tornado interdito para mim...

Por quê?

Porque ela pretende que toda essa sensibilidade minha seja satisfeita com mitologias infantis, só tornadas filosofia para auto-engano de quem deseja tanto o feitiço que o troque pela self deception...

Mas eu tenho, ao mesmo tempo, uma alma tão telúrica, tão de terra e pedra, tão de musgo e líquen, tão feita de permafrost e tundra, tão desértica e montanhosa, tão carbonífera e filha de Pangea que, senhores, não me peçam para entregar-me como alternativa aos mitos religiosos, a filosofias fluidas e líquidas de uma igualmente encantatória pós-modernidade, que apenas queijos e vinhos tornam visíveis, como, o ópio, a Deus...








OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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