A ópera de Puccini, Madame Butterfly, o "amado" estadunidense canta amores para a frágil japonesa, com quem casará, fingindo-lhe amor, e ela responde, enamoradamente, em uma das partes mais famosas da composição... Ele a abandonará e, mais tarde, voltará, já casado, encontrando-a, tola de amores e frustrações, com um filho, que era dele. Ela não suporta vê-lo casado com outra e se mata...
A cena dos dois, trocando amores, é reveladora: ela, verdadeiramente, tomada de emoção, faz o público ir às lágrimas. Ele, um bom canalha, também está encenando seu amor (fingido), e também leva o público às lágrimas... Um desavisado o tomará por homem íntegro e apaixonado, mas é como todo caça-moças: promessas, coito, adeus...
Ah, a emoção. Ela é um espectro possessor. Se você deixa, a música, o cenário, as roupas, a luz, o ambiente - você é hipnotizado. Mas você sabe que o sujeito não presta...
Eu prefiro dar voz à minha consciência, e informar os meus ouvidos que até os canalhas cantam bem...
A história da liturgia não me deixará mentir...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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