Considerar-se que o orgasmo clitoriano feminino constituía fixação no estágio de infantilidade, que deveria ser superado pelo orgasmo "vaginal", prova de transição da mulher para o estado "adulto", parece-me ter sido um dos grandes erros da virada psicológica-psicanalítica do século XIX para o XX...
Considerando-se que o clitóris é um órgão "iceberg", com menos de 5% de sua dimensão emergindo para fora do corpo feminino, permanecendo sua grande massa instalada no entorno vaginal e sendo responsável, inclusive, pelo orgasmo tido como "vaginal", e, considerando-se ainda que a vagina não é constituída por células e tecido nervosos, sendo, internamente, "insensível" ao prazer erótico (provavelmente por questões relacionadas aos problemas que a sensibilização erótica causaria para a mulher durante o parto), penso que poucas vezes deu-se uma bola tão fora quanto essa...
Resta ver se não é um flagrante de pré-conceito androcêntrico, traduzido em "ciência" na mão de homens, "analisando" mulheres.
Talvez, muitas das intuições psicanalíticas das origens, essa centralidade do "sexo" e uma acentuada patologização do eros feminino, seja, afinal, um gigante ato falho...
Equivoco-me?
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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