quarta-feira, 30 de outubro de 2013

(2013/1277) Espantalhos, corvos e o campo da vida
















Nos campos da vida, há espantalhos. Alguém os pôs lá. Os campos da vida podiam ser semeados por qualquer um, por todos, mas alguém pôs lá espantalhos e, com medo dos espantalhos, nós não semeamos, nós não plantamos, não não colhemos. Corvos, ficamos nos galhos, olhando, terrificados, os espantalhos lá colocados pelos donos do mundo e por aqueles que, mesmo sem saber, trabalham para eles...

De vez em quando, um corvo ou outro vai lá, pousa sobre o espantalho inerte e sem vida, pica-lhe um olho, ri-se e vai colher milhos furtados. Mas, quando conta aos demais corvos que o espantalho é um boneco posto lá pelos donos da roça, a maioria não acredita e, ainda temente, ainda temerosa, ainda crédula, ainda crente, permanece nos galhos, observando o campo...

Nada mais direi...

Pense você, corvo, sobre quem são os corvos, quem são os espantalhos e quem os pôs lá...









OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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