O que fazer? Arriscar-se em uma aventura arqueológica e psicológica, história e social, para tentar - e como saber se foi possível? - "ouvir" o que se disse, lá e então, em um texto? Ou, ao contrário, apropriar-se das palavras, da sintaxe, da semântica, da gramática, da narrativa, das personagens, e dar ao texto o sentido que se quer e deseja e pode?
Para fugir dessa alternativa dolorosa, inventaram de dizer que há o texto-em-si, o "mundo do texto" e, em um passe de mágica, esconde-se o Homem que escreve e lê - para tornar a coisa "científica", mata-se não apenas o escritor, mas, também, o leitor...
Umberto Eco e Ricoeur gostaram de considerar essa terceira alternativa: mundo do texto.
Eu suspeito que enganaram-se ou nos enganaram...
Eu suspeito que não há algo como um mundo do texto - suspeito que haja apenas a velha alternativa dolorosa: ou você tenta ouvir o escritor, ou vai ouvir sua própria voz, fazendo de conta que não...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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