Deixo de lado a manutenção da leitura conservadora e da postura tradicional, as mais comuns, a despeito de qualquer informação que o estudante receba (modelo 1). Reconheço, portanto, essa "saída", mas não falarei dela.
Para quem estuda a Bíblia com seriedade acadêmica, com as ferramentas técnicas da exegese, vejo apenas dois caminhos - uma, para a manutenção da relação com a igreja e outro, para a suspensão dessa relação.
Comecemos pela ruptura (modelo 2). Quando se estuda a Bíblia com seriedade, descobre-se que as doutrinas sustentam-se em alegorias e em formulações - todas - pós-bíblicas, próprias da História da Igreja. A Igreja, por sua vez, recusa-se a admitir - então, o sujeito não tem mais condições de dialogar. E rompe. Permanece na tradição mais ampla, mas não se identifica mais com a comunidade que insiste em forçar as pessoas a fingirem que os textos dizem o que não dizem.
Mas há outra saída (modelo 3). Simples. A Igreja assume que a sua doutrina, a sua prática, a sua liturgia, tudo nela, tudo, sem exceção, até a compreensão de Deus, é tradicional, foi criada na história dessa igreja, pelo homens e pelas mulheres dessa igreja. Mais - essa igreja sabe que é tradição, assume que é tradição e gosta disso. Nesse ambiente, aquele estudante pode estudar a Bíblia inteira, desmontar toda a alegoria que cai sobre ela e, ainda assim, se desejar, pode permanecer naquela comunidade, porque ela é honesta em assumir que é tradição o que ali se vive. Nem a comunidade mente para si, nem mente para o sujeito que estuda a Bíblia.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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