Quando me refiro a doutrinas, não estou falando de catecismo - a coisa das doutrinas escritas em papel. Estou falando de toda a cosmovisão daquela comunidade. Toda. Deus, diabo, inferno, graça, pecado - tudo, absolutamente tudo, gira em torno de doutrinas. Nem se engane: o pentecostalismo arde de doutrinas - não se dá um pulo, não se grita um aleluia, sem que a doutrina permita. Na mística, tudo gira em torno de doutrina. Pense em ritos de magia, liturgia, vigílias, tudo, tudo isso se faz só e somente por força de doutrinas.
Agora entenda: tudo isso é tradição.
Todas essas práticas, ensinadas como que "bíblicas", foram - todas - desenvolvidas na longa noite da história dos homens e das mulheres da igreja.
Nós fazemos e fizemos a igreja que nos fez e faz.
Agora, durma com esse barulho: a igreja evangélica despreza-se tanto, tem tanto asco de si mesma, que nega-se a si mesma e inventa para si fundamentações de papel - se se amasse, de fato, reconheceria, com sensatez, alegria e sinceridade, que é fruto dos dias históricos, uns, com 50 anos, outros, com 100, outros, com 400, outros, com 500, outros, com 2000 - mas, todos, filhos do tempo e nenhum, nem um sequer, da Bíblia.
No máximo de poderia considerar a Bíblia como a fonte de onde as potencialidades históricas se derramaram, operadas por alegoria, política e emoção.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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