1. Desde pelo menos Éfrem, bispo cristão da Síria, lá pelo século IV (cito de memória) que concebemos ruah, em Gênesis 1,2 como o "Espírito", chocando - sim, ele usa esse verbo! - as águas da criação...
2. Bem, eu não posso dizer que traduzir ruah por "Espírito" esteja gramaticalmente errado - eu ducido que o judeu que escreveu o termo ruah estava pensando em espírito, muito menos ainda na Trinadade, para mim ele pensava em "vento", mas, vamos lá, sejamos condescendentes, gramaticalmente, pode ser espírito - se o que interessa é a gramática e não o que o autor pensava ao escrever o termo...
3. Agora, por favor, continuar, ano após ano, a traduzir "pairava" é, no mínimo, falta de responsabilidade...
4. O termo que ali aparece ocorre apenas três vezes na Bíblia Hebraica. Uma vez ele ocorre nos textos ugaríticos. Em Jr 23,9, na forma mais simples do verbo, diz-se que os ossos do profeta estremeceram, quando ele ouviu a palavra de Yahweh - estremeceram! Em Dt 32,11, com sentido aproximado para o de Ugarit, parece que o verbo descreve os rasantes de ataque que a águia dá sobre a ameaça que ataca seu ninho.
5. Pois bem, se a forma simples do verbo é estremecer - como se pode dizer que a forma intensiva, a forma mais "forte", do verbo, em Gn 1,2, possa significar "pairava"? Jamais...
6. Seja o que for ruah em Gn 1,2 - e, para mim, é um vento - ele não está parado, não paira, não está cochilando e quieto: ele está agitando, convulsionando, encapelando, revoltando as águas, como faz o vento em alto mar, como fez o vento no dilúvio e como fez o vento para empurrar as águas do Mar "Vermelho"...
7. Tudo bem - quer pôr Espírito, põe: mas para com isso de pairava que pega muito mal... Diz que ele estava ensaiando os passos para o culto pentecostal pelo menos!...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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