1. A separação entre a crença em Deus e o próprio Deus é uma sutileza retórica da teologia "moderna". Um dos maiores teólogos, se não o maior, das Américas escreveu uma fórmula "mágica" - Deus é símbolo para Deus, e arrematou: quem trata literalmente os símbolos, a fé, é idólatra...
2. A fórmula "encanta". Faz o sujeito achar que ele separa Deus e Deus, Deus, enquanto ele crê e Deus, enquanto é em si.
3. Então, o sujeito acha que ele é diferente daquele crente que toma literalmente a doutrina e trata Deus como "aquilo" que a doutrina diz - a barthiano clássico, por exemplo, para quem a doutrina positiva é a única expressão de Deus possível ao homem.
4. Mas a fórmula é enganosa, porque, se você separa o ser-Deus em si da doutrina, ele some, porque o ser-Deus em si não está disponível fora da doutrina. Não há outro lugar, outro modo, outra forma de se chegar a ele, exceto na doutrina.
5. É uma falácia...
6. Tentou-se pôr Deus no sentimento - é a tentativa de solução de Schleiermacher e, a despeito de 99,99% dos crenbtes brasileiros nunca terem ouvido falar dele, são, todos, schleiermachianos, porque julgam que têm acesso a Deus na "experiência".
7. Outra falácia...
8. Não há experiência sem doutrina. A experiência é a entrega emocional a um enredo litúrgico-mítico, e tudo o que se experimenta ali se experimenta a partir da ritualização emocional do mito. No dia em que você desliga o enredo, a emoção desaparece...
9. Assim, não é correto tentar separar Deus do que se acha que se sabe dele. Se você tira o que acha que sabe dele, ele some, porque ele é apenas que você acha que sabe dele...
10. Se há algo lá, não se pode saber: salvo, crer - e crer na doutrina. Seja Deus, Deusa, Deuses, Deusas - só a doutrina e a fé podem afirmar...
11. Assim, sejamos humildes. Somos todos, crentes, fundamentalistas. Só deixaremos de ser quando assumirmos que o que julgamos saber é apenas desejo de crer e mais nada. Mas, aí, o dia seguinte será de uma natureza totalmente diferente da dos dias até hoje...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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