1. Há que se ter um mínimo de boa vontade e bom senso. Um mínimo.
2. Uma coisa é a crítica epistemológica à religião. Ela se dá numa base absolutamente filosófico-epistemológica. Não se trata, nesse sentido, de falar mal, mas de expor as condições de existência do fenômeno religioso.
3. Nesse sentido, sem exceção, religião é fenômeno de heteronomia. O religioso, qualquer religioso, se entrega, sem crítica, sem auto-crítica, às formulações de sua religião. Os mestres mandam, ele faz. Há uma enorme variedade de relações nesse mundo, desde as fundamentalistas-fanáticas até as administrativas-interesseiras, com todo o degradê interior, mas o que caracteriza a religião é isso: os deuses contaram tudo para José, e você fará o que José mandar.
4. Se alguém acha que essa crítica à religião é equivocada ou perniciosa, que apresente os argumentos...
5. Outra coisa é a crítica interna dos procedimentos religiosos. Por exemplo, a manipulação escabrosa, escancarada, aviltante, que a liderança faz da membresia de modo geral. Nesse caso, não estamos diante de uma crítica epistemológica, mas de uma crítica política - o pressuposto seria: os líderes não devem manipular/oprimir os religiosos da comunidade e, quando fazem, merecem crítica.
6. Quem faz a crítica deve saber em que eixo está girando. Eu faço os dois tipos e críticas - faço e farei, a despeito do que qualquer um pense disso.
7. A crítica epistemológica que faço à religião não faz dela algo ruim, faz dela algo potencialmente ruim: uma vez que o religioso se entrega de boa vontade ao líder, se este é um canalha, o religioso vai penar...
8. A crítica política que faço ao estado atual da religião é, aí sim, política: vivemos dias de tanta superficialidade que quanto mais manipulação religiosa, mas sucesso...
9. Quem ouvir as duas críticas e não souber fazer a diferença, equivoca-se. Quem ouve, faz a diferença, e mistura as duas formas de crítica, quer levar a equívoco...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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