segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

(2012/916) Sobre falar com Deus e ouvir Deus e sobre quem crê em quem diz que faz tal coisa

1. No que diz respeito àqueles e - agora está super na moda, àquelas - que ouvem a "voz do Senhor", eu assumo o risco de dizer publicamente duas coisas:

a) há os que dizem que ouvem diretamente a voz do Senhor;

b) há os que acreditam no que aqueles (a) dizem.

2. Dos primeiros (os "a"), eu diria que são completamente doidos, mas assimilados ao dia a dia, de modo que a sua patologia psicológica é tratada por todos como "normal", ou se trata de mais um caso de cinismo utilitarista, com vistas a aparecer aos olhos dos outros como um "homem (ou mulher) de Deus". Ponho a coisa entre loucura de pedra e calhordice de ferro...

3. Dos segundos, os "b", acho que são ingênuos demais ou desesperados demais - se ingênuos, acreditariam em alguém que dissesse conversar com gatos, e, se desesperados, torcem para que seja verdade e sobre alguma gota de bênção para si...

4. Se o sujeito começa uma conversa comigo e menciona o fato de ter ouvido de Deus alguma coisa, analiso de quem se trata e, das duas uma, ou saio de fininho, ou mando às favas.

5. Eu acho que uma criança que é educada desde o berço, aprendendo, antes mesmo de andar, que o pai e a mãe falam com Deus, quando chega à fase da consciência, começa a achar que a voz da sua consciência é a voz de Deus, e passa o dia todo conversando com Deus...

6. E acho também que há muito canalha e muita canalha se aproveitando da boa-fé ingênua e tola das massas...





OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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