2. Pode-se falar, como de fato se fala, de reunião de Cristianismos. É uma estratégia do século XX. Limitadíssima, é, todavia, melhor do que os guetos absolutos, tolos e fechados, enclausurados e rançosos, de cada um com seu Espírito Santo particular, coisa terrivelmente ridícula e constrangedora...
3. Pode-se dar um passo além, deixando os ecumênicos "preocupados" (porque ecumênicos podem ser tão conservadores quanto os fundamentalistas! ["podem"]) e os conservadores horrorizados, e dedicar-se ao que se tem chamado de diálogo inter-religioso, isto é, pôr não apenas cristãos para conversarem entre si, mas para conversarem com outros religiosos - hindus, muçulmanos, budistas, africanos e todos os demais.
4. Prefiro DIR a ecumenismo - sem dúvida. Ecumenismo até pode ser uma estratégia negociada, para não assustar os conservadores, mas é como se você tivesse que ir ao Alaska e, como não dá, se contentasse com o Titicaca...
5. Não vejo razão alguma - de nenhuma natureza - para que os religiosos não vivam em paz. Claro, haverá acordos, contas de chegada, adaptações. Tanto melhor...
6. Todavia, se algum dia chegarmos a tanto, se terá andado, apenas, na horizontal. O mundo viverá melhor e com um pouco mais de paz, mas, em termos do que me interessa - em termos epistemológicos - não se terá dado um passo sequer, porque, seja ecumenismo, seja DIR, está-se aí, operando no diapasão clássico: levando-se a sério os deuses como coisas-em-si e não como construções humanas...
7. A prova disso é o ecumenismo, que até se anima com uma inflação abraâmica do projeto - monoteísmo -, mas que se enrubesce só em pensar em tratar Exu ou Vishnu como deuses...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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