É que, cansado, não consigo jogar meus joguinhos, nem ler meus livros sérios. Então, descanso, brincando de escrever "aforismos"...
I.
Desejo é expressão de sentimento/percepção de falta.
Não é nem a falta nem a prova da falta - é a expressão da percepção subjetiva da falta.
Por isso, ha quem não tenha nada, mas deseje pouco - ou nada.
Por isso, há quem tenha muito, até tudo, e deseje mais.
Porque não é a falta em si, é como encaramos a coisa.
Por isso, Davi teve tantas ovelhas, mas ainda tomou a única do Urias...
Não lhe bastavam as suas todas, que tinha.
Tinha, ainda, desejo de mais...
A bocarra escancarada dos reis e seu ventre inescrupuloso...
II.
Se o sujeito me diz que "Jesus vai voltar", e ele assume a declaração como ato de fé seu, pessoal e intransferível, não vejo o que se possa dizer.
Mas quando se diz a mesma coisa e se assume que isso é o que determinado texto diz, b em, nesse caso, criamos uma tensão objetiva: porque pode ser que o texto diga, pode ser que não...
Cai-se, assim, no crivo das rotinas de interpretação. O sujeito po
de estar a ler errado um texto...
Há uma saída: ele assumir que, independentemente do que o autor tenha querido dizer, é assim que ele lê o texto.
Nesse caso, dissolve-se, mais uma vez a objetividade, e voltamos à cena subjetiva: o sujeito quer ler assim o texto...
Perfeito.
Mas não me venha, por favor, dizer que o texto diz isso. Assuma que é você quem o faz dizer isso.
Porque, se você insistir em que o texto diz isso, voltamos à esfera da objetividade e da prova retórica, e talvez eu seja forçado a dizer que você não lê bem... Eventualmente, nem eu. Mas essa é a questão: no campo da objetividade, ambos podemos estar errados. No da subjetividade, vale tudo...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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