terça-feira, 20 de novembro de 2012

(2012/775) Pequenos contos quase-maçônicos


1. Trabalhei por algum tempo em atendimento ao público. Muita assinatura. Inventei uma rubrica de rápido registro e, para enfeitar, três pontos. Um belo dia, uma cliente me disse que, se eu não era maçom, não podia usar três pontos. Olhei para ela, sorri, peguei um papel, assinei calmamente e fiz os três pontos que enfeitavam minha chiquérrima rubrica. Olhei de novo para ela e, calmamente, sempre, disse: "_Viu como posso?"... Ela saiu um tanto quanto aborrecida...

2. 1989. Eu era seminarista ainda. Convidam-me para pregar na Igreja Batista de Vila de Cava. Usei o "lema" da Revolução Francesa, já que era aniversário - 200 anos. Falei sobre Liberdade, Igualdade, Fraternidade, com aplicações e implicações bíblicas. Ao final, apertaram-me de todos os lados os irmãos. Por fim, levaram-me ao corredor e perguntaram direto: o irmão não é maçom? E eu respondi, surpreso, que não. Perguntaram-me, então, por que tinha pregado o lema da maçonaria... E eu disse, não, não, não preguei o lema da maçonaria - nem sabia que era. Preguei o lema da Revolução Francesa! Foi engraçado...

3. No mesmo emprego do conto 1, atendo o telefone. Uma senhora pede para falar com o gerente, que era seu irmão. Pergunto: a senhora é irmã da família ou da igreja (ele era presbiteriano)? Não, da maçonaria. Fui ao gerente e disse: Chefe, sua irmã da maçonaria está na linha. Ele, vermelho como o capeta: "_ Por isso sou contra mulher na maçonaria: a língua não cabe na boca!"...

4. No mesmo emprego de 1 e 3: senta um senhor, confesso, de aspecto esquisito e trajes ainda mais e põe uma carteirinha na mesa: grau 33 na maçonaria. Me diz que amanhã volta para receber minha resposta - era para eu entrar. No dia seguinte, ele volta, mesma aparência estranhíssima, que interpretei como "loucura" (literalmente falando). Mandei dizer que eu não fora trabalhar. A essa altura, já sabia de um monte de coisas de moçonaria - mas nunca tinha ouvido falar de carteirada...

5. Pra acabar. Meu primeiro pastor era contra, terminantemente contra. No seminário, meu professor de História do Cristianismo, pastor batista, Diocesyr Alberto, não apenas era maçom, como dizia claramente e fazia apologia. Nesse dia entendi que ser ou não ser era uma questão de ponto-de-vista, e nunca mais me encanei...

6. Deixei o carro, agora há pouco, na oficina (carro velho é assim). Em frente à oficina, um enorme - enorme! - templo maçônico. Se não tivesse o letreiro, diria que era um templo da Universal. Entrava, na hora, uma moça, seus 35 anos, bem vestida e rebolativa... Meu chefe não teve sucesso algum em seu desejo misógino...



OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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