I.
Há quem ache, o Júnior Cezar Uchôa, por exemplo, que a minha crítica aos pastores e padres tradicionais é a tradução de a) uma picuinha entre crítica e pastoral e b) um julgamento do caráter pastoral...
Equívoco monstruoso.
Nos dois casos.
Não faço crítica ao caráter pastoral: faço crítica à pastoral acrítica. Pense no melhor modelo pastoral que, na prática, se dá em território nacional. Sem conhecer na prática todos e cada um dos lugares onde ocorre pastoral, de modo que reservo espaço para exceções - mas são isso: exceções! -, o universo pastoral é caracterizado pela submissão do fiel à autoridade pastoral, à Bíblia, ao Espírito, a Deus, essas retóricas medievais, políticas que, na prática, tornam a consciência do sujeito frágil e vulnerável, vítima de qualquer canalha da moda...
Os crentes produzidos pelas igrejas tradicionais são, via de regra, assim: vítimas de quem manipule com mais poder a retórica do sagrado.
E são vítimas porque acreditam na retórica do púlpito, na retórica dos homens de Deus.
Não me interessa se quem usa essa retórica acredita nisso. Não faz a menor diferença, menor. Na ponta, crescem seres humanos incompletos, doentes psicologicamente, imaturos, heterônomos, impedidos de julgamentos éticos independentes...
Critico e criticarei essa prática, não importa quem a pratique, se meus amigos, se meus inimigos, se Deus ou se o diabo.
Para mim, a pastoral deveria urgentemente fazer as pazes com os tempos modernos e levar a sério o que Bonhoeffer falou: os homens tornaram-se maduros, adultos. E, se não se tonaram, é porque são castrados pelos homens de bem...
II.
Que fique bem claro: há homens que, em nome de Deus, fazem críticas a outros homens de Deus. Ponho ambos no mesmo saco: manipuladores.
"Crítico", para mim, é o sujeito que, em nome de valores e pressupostos secularizados, racionais, democráticos, lógicos, objetivos, analisa e julga aquilo que se lhe apresenta como a realidade dos fatos.
Se o sujeito se mete a crítico, mas o faz em nome de Deus, como que se uma posição metafísica, bem, a mim esse sujeito não passa de um "profeta".
A crítica feita em nome de Deus não liberta: aprisiona de modo ainda mais sutil.
III.
Mas, Osvaldo, como esse povo consegue ser tão enganado por essa canalha midiática?
Foram bem ensinados, meu caro. Seus pastores e padres ensinaram a candura da fé e a submissão à autoridade do homem de Deus... Agora, são vítimas. Vítimas de seus líderes anteriores e vítimas de si mesmos...
(...)
Quando eu vejo um líder religioso evangélico ou católico, de estirpe tradicional, bradar aos céus contra a situação do "reino" hoje, pergunto-me quem é o sujeito, um parvo, porque não se reconhece na culpa da formação acrítica do rebanho, se um pierrô de carnaval, a disfarçar-se na retórica da indignação...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
Há quem ache, o Júnior Cezar Uchôa, por exemplo, que a minha crítica aos pastores e padres tradicionais é a tradução de a) uma picuinha entre crítica e pastoral e b) um julgamento do caráter pastoral...
Equívoco monstruoso.
Nos dois casos.
Não faço crítica ao caráter pastoral: faço crítica à pastoral acrítica. Pense no melhor modelo pastoral que, na prática, se dá em território nacional. Sem conhecer na prática todos e cada um dos lugares onde ocorre pastoral, de modo que reservo espaço para exceções - mas são isso: exceções! -, o universo pastoral é caracterizado pela submissão do fiel à autoridade pastoral, à Bíblia, ao Espírito, a Deus, essas retóricas medievais, políticas que, na prática, tornam a consciência do sujeito frágil e vulnerável, vítima de qualquer canalha da moda...
Os crentes produzidos pelas igrejas tradicionais são, via de regra, assim: vítimas de quem manipule com mais poder a retórica do sagrado.
E são vítimas porque acreditam na retórica do púlpito, na retórica dos homens de Deus.
Não me interessa se quem usa essa retórica acredita nisso. Não faz a menor diferença, menor. Na ponta, crescem seres humanos incompletos, doentes psicologicamente, imaturos, heterônomos, impedidos de julgamentos éticos independentes...
Critico e criticarei essa prática, não importa quem a pratique, se meus amigos, se meus inimigos, se Deus ou se o diabo.
Para mim, a pastoral deveria urgentemente fazer as pazes com os tempos modernos e levar a sério o que Bonhoeffer falou: os homens tornaram-se maduros, adultos. E, se não se tonaram, é porque são castrados pelos homens de bem...
II.
Que fique bem claro: há homens que, em nome de Deus, fazem críticas a outros homens de Deus. Ponho ambos no mesmo saco: manipuladores.
"Crítico", para mim, é o sujeito que, em nome de valores e pressupostos secularizados, racionais, democráticos, lógicos, objetivos, analisa e julga aquilo que se lhe apresenta como a realidade dos fatos.
Se o sujeito se mete a crítico, mas o faz em nome de Deus, como que se uma posição metafísica, bem, a mim esse sujeito não passa de um "profeta".
A crítica feita em nome de Deus não liberta: aprisiona de modo ainda mais sutil.
III.
Mas, Osvaldo, como esse povo consegue ser tão enganado por essa canalha midiática?
Foram bem ensinados, meu caro. Seus pastores e padres ensinaram a candura da fé e a submissão à autoridade do homem de Deus... Agora, são vítimas. Vítimas de seus líderes anteriores e vítimas de si mesmos...
(...)
Quando eu vejo um líder religioso evangélico ou católico, de estirpe tradicional, bradar aos céus contra a situação do "reino" hoje, pergunto-me quem é o sujeito, um parvo, porque não se reconhece na culpa da formação acrítica do rebanho, se um pierrô de carnaval, a disfarçar-se na retórica da indignação...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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