terça-feira, 20 de novembro de 2012

(2012/776) Do Estado como fator de construção de uma sociedade menos desigual

1. Sou mais pobre, muito mais, do que muita, muita gente. E sou menos pobre, muito menos, do que mais gente ainda. Acho que, abaixo de mim, há mais gente do que acima - em termos sócio-econômicos... 

2. Queria ter mais e me aproximar de quem está mais acima. Mas igualmente, e com talvez mais força, queria que os que estão mais abaixo tivessem mais do que têm: queria um pouco mais de igualdade, de distribuição de renda, de condições de vida.

3. Todavia, sei que esse sentimento pode ser vir, apenas, para dor da alma e mais nada. Não cabe a "mim" - enquanto indivíduo só - produzir essa distribuição. Eu posso doar parte de minha renda, posso dar bens, mas, ainda assim, não terá sido sequer uma gota num oceano de miséria. Terei, talvez, amainado a "culpa" de ter e saber que há quem não tem, mas não terei produzido nenhuma mudança geral do quadro de desigualdade e injustiça. 

4. Por isso, acho que o Governo, porque central e estratégico, tem todas as condições de promover essa distribuição, esse "justiçamento", transferindo sistemática e profundamente renda, promovendo, não tem jeito, um menor enriquecimento dos já ricos e um desempobrecimento dos pobres, até alcançarmos uma tolerável desigualdade - porque não se quer que todos tenham as mesmas coisas, mas que todos tenham, pelo menos, o suficiente.

5. Por isso, recebo com satisfação todos os esforços do Governo, do Estado - sim, do Estado, mais do que do Governo - os programas de distribuição de renda.

6. Ficaria feliz de, ao morrer, dentro de algumas décadas - quiçá, umas 10 décadas! -, haja menos gente abaixo de mim, mas não porque eu tenha perdido renda ou bens, pelo contrário, eu tenha aumentado, mas, eles, ainda mais...



OSVALDO LUIZ RIBEIRO

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Sobre ombros de gigantes


 

Arquivos de Peroratio