1. No meu post (2012/529) Teologia de avestruz, Leonardo deixou um comentário:
Belo texto, conquanto já conhecesse o tema pelo privilégio de ter sido seu aluno.
De fato, é isso, mesmo: sem tirar nem por. Agora, não é verdade que a questão é a Verdade? Um diz que a tem, o outro também. Isso vale só para a teologia? Ou vale para outros conhecimentos "científicos"?
Só um exemplo. A química, uma “ciência dura”, ainda está sob o paradigma das orbitais. Pegue qualquer livro de ciências da escola ou livros de graduação.
Orbitais é passado, mas ainda está lá: vivo, forte, se reproduzindo. Isso é desonestidade? Chamo apenas de paradigma. Um dia muda!
2. Quero "reagir".
3. Primeiro, deixar claro que não tenho nenhuma relação ideológica com a pós-modernidade - eu acredito na verdade nos rigorosos termos em que a modernidade a desenha. Valho-me, por exemplo, dessa declaração de Edgar Morin: "a modernidade comportava em seu seio a emancipação individual, a secularização geral dos valores, a diferenciação do verdadeiro, do belo, do bem (Terra-Pátria, p. 77). A diferenciação do verdadeiro, do belo, do bem. É a partir dessa ótica que me situo.
4. Verdade, então, para mim, é o resultado ideal da relação entre a consciência humana e o real. Não é a visão divina do real, nem é a idealização subjetiva do homem - é a apropriação do real tal qual ele pode ser apreendido pelo homem, mas em absoluta conformidade com os regimes de computação humana desse real. Nesse caso, digo que sou um realista crítico.
5. Logo, não posso acompanhar a questão da "Verdade", se com isso indicarmos para questões de ordem metáfica, ontológica e mitológica. Não é possível a nós cogitarmos da Verdade - salvo como mito. Cogitar as verdades, sim, mas verdades tomadas como mapeamento do real, aqui, agora, pela espécie humana, e não pela percepção estético-política de um sujeito.
6. As ciências, a que você se refere, acreditam na verdade nesses termos. Há muita pós-modernidade invadindo as universidades, é verdade, e isso não será passageiro. Todavia, onde se avança, onde se progride no conhecimento do mundo - para baixo e para cima, bem como, agora, para dentro de nós, é lá, onde as ciências duras trabalham. Os livros de pós-modernidade nos pedem para olhar para Quimera, e para trocarmos impressões estéticas sobre... a verdade...
7. Além disso, as ciências não tomam a verdade das ciências como Verdade. Nem absoluta, nem final, a verdade das ciência é crítica, posta à prova, submetida a todo tipo de contestação - esse é o jogo. A verdade da Teologia, não: é dogma, você tem de repetir como "seu mestre" mandou - e sabe que, se não repetir, querido, ou morre, ou é mandado para os infernos...
8. Não é o mesmo jogo.
9. Conquanto cientistas possa haver que façam ciência como quem faz teologia.
10. Mas eu também tenho que dizer que conheço um teólogo que está tentando fazer - será possível? - teologia como quem faz ciência...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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