sexta-feira, 13 de abril de 2012

(2012/382) Chorar a cada dia uma gota das lágrimas do mar da saudade


1. Não, não há mar que comporte todas as lágrimas de um homem que perde a mulher da sua juventude. Nem se o Atlântico e o Pacífico assinarem um tratado, nem se a Lua emprestasse latifúndios, nem se Deus abrisse a sua casa. É imenso. É enorme. É interminável.

2. De sorte que o amor que amor de fato é chora a cada dia uma lágrima, preparando-se para o dia da separação. E quanto mais se ama, tanto mais amarga é essa lágrima, ao lábio recolhida e travada do fel da angústia.

3. Não há remédio para isso. Amar mais é tanto mais sofrer. E não há amor budista, que sofresse menos ou nada, pelo desamor que inventasse, porque o amor é refratário a qualquer coisa que não sofregamente apegado e dolorido.

4. Amor é dor.



OSVALDO LUIZ RIBEIRO

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Sobre ombros de gigantes


 

Arquivos de Peroratio