sábado, 4 de fevereiro de 2012

(2012/144) Se isso não é Teologia da Prosperidade - é o quê?


1. Repito: não tenho nenhuma, mas absolutamente nenhuma simpatia em relação à Teologia da Prosperidade. Só de olhar a cara dos super-mega-hiper-power-ultra-plus pastores neoevangélicos eu sinto coceira. Todavia...

2. Vejam, cavalheiros, se é isso que eles pregam: tragam as ofertas para a igreja de Deus, que Deus vai escancarar as portas do céu, da bênção, da prosperidade - você dá 100 e ganha 1.000, dá 1.000 e ganha um carro, uma casa, um avião a jato. Quanto mais você der, mais ganha.

3. É isso que eles pregam?

4. E o que, senhores, é isso aqui? "Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes"(Malaquias 3,10).

5. É a mesmíssima coisa. 

6. Vamos condenar a Teologia da Prosperidade? Vamos. Mas vamos, também, condenar Malaquias, por favor! Não há nenhuma explicação possível para, em sã consciência, de posse de suas faculdades mentais normais - se as teve um dia ou as tem - alguém arrebentar de impropérios a Teologia da Prosperidade e, ao mesmo tempo, usar Malaquias 3,10 - e pior, pedir ou dar dízimo com base nele!

7. Então, senhores, se não sois capazes de coerência, porque cargas d'água eu deveria dar atenção ao que dizeis, e, quanto mais, os apóstolos, bispos, patriarcas e diretores do Banco Central de Deus, que invadem a casa de 100% dos lares evangélicos - aleluia! - pedindo money, money e money?

8. E ainda sou obrigado a ouvir que Mateus prega diferente!

9. Dá pra parar pra ouvir o que a gente mesmo fala?

10. Se a Bíblia está dividida contra ela mesma, senhores, e está, vai-se usar a Bíblia contra os neo-apóstolos de Jesus, quando eles mesmos a usam a seu favor?

11. Faz assim - carrega a Bíblia inteira não: arranca as páginas que interessam e pronto. Porque as outras, cavalheiros, com a mesma força vão cair como pedra sobre as vossas cabeças.








OSVALDO LUIZ RIBEIRO

(2011/146) De uma "geografia" do desenvolvimento: porque não temos massa crítica

7 comentários:

Cleinton disse...

caro osvaldo.
acho que meu modo de ser pastor não vai lhe assustar tanto. talvez eu possa me parecer um pouco com o pastor do livro seu que eu mais espero ler um dia, e sobre o qual você falava em sala de aulas. primeiro: nunca uso a bíblia para falar sobre dízimo. mas, se a usasse, usaria o dízimo do deuteronômio, pois o acho bem simpático. no entanto, não a uso. eu acho que o dízimo e as ofertas alçadas são coisas do social; da vida em comunidade. considero uma questão de justiça, na verdade. explico: eu e você frequentamos a mesma igreja. bebemos da mesma água mineral. usamos do mesmo rolo de papel higiênico, usufruímos do mesmo ar condicionado (quando a igreja tem) e colocamos nossos filhos nas aulas gratuitas (mas os professores são pagos mensalmente) de instrumentos musicais que a igreja oferece.só que, quando chega o final do mês, você decide que não quer cooperar e não quer dividir a conta comigo. poxa, fico chateado, pois usufruímos dos mesmos serviços, cara!! entendeu como eu prego e vivo o dízimo/oferta? continuo na minha; fazendo a crítica da crítica e pastoreando ovelhas, pois elas precisam de mim e eu, mesmo sem nunca ter vivido de igreja, preciso delas. há braços...

Peroratio disse...

Não andas a cuidar que te mando recados, anda? :o) O modo como você descreve a administração das despesas da comunidade é perfeito. E raro, tu sabes... E eu concordo contigo: quem está na comunidade, deve colaborar com a sua manutenção. Aliás, talvez seja uma regra: estar numa comunidade e não desejar colaborar com ela é sinal de que o corpo está, a obrigação está, mas a sua alma não está mais ali. Mas, repito, sua descrição me parece rara.

Cleinton disse...

não, caro osvaldo; não cuido que seus textos sejam recados para mim, exclusivamente. eu seria vaidoso além do que já sou, se pensasse isso. acho, sim, que você vive a mandar recados ao clero e aos seus adeptos, sendo que, para felicidade minha (sim, sou feliz sendo pastor), faço parte dele. só respondo porque acho que, se tem gente séria e crítica dentro do sistema religioso, elas devem levantar a mão de vez em quando. agora, falando teologicamente; se eu fosse fazer uma análise, ainda que bem superficial, do texto neotestamentário sobre o dízimo, eu diria que esta é uma versão neo-deuteronomista da parte de jesus, pois ele diz que até se pode dar o dízimo da hortelã e dos cereais, mas não se deve esquecer jamais das viúvas e dos órfãos, tema caro à visão deuteronomista testamentária. assim, a defesa de um dízimo social no novo testamento seria um confronto direto com a visão sacerdotal de malaquias 3:10. posso estar errado, eu sei, mas é uma leitura. há braços...

Peroratio disse...

Cleinton, há uma camada muito forte na tradição neotestamentária de Jesus que o pinta como um crítico do templo: nela, tudo quanto o templo diz, Jesus diz o contrário. Nessa tradição, Jesus é um herege terrível: não é para orar no templo (como o bobo do Daniel creu), mas no seu quarto; a Deus se chama não de Senhor, mas de paizinho; no sábado o homem é livre... o dízimo, no termos que você coloca, é mais um elemento.

Mas Jesus nos Evangelhos está representado por modos distintos de "memória" (não creio em "memória" ali - é elaboração político-social programática): ora ele é um revolucionário que quer o trono (cf. a inscrição na cruz), ora, um "pacifista", ora, um rabino... Alguém pode fazer um saladão e inventar um outro Jesus-saladão, mas, por trás das "camadas" há outro, diferente de tudo isso ou ligado historicamente a uma dessas representações. Não a todas.

E esse Jesus dos dízimos neo-deuteronomistas... É real ou invenção da tradição. Mas... faz diferença?

Peroratio disse...

Cleinton, há uma camada muito forte na tradição neotestamentária de Jesus que o pinta como um crítico do templo: nela, tudo quanto o templo diz, Jesus diz o contrário. Nessa tradição, Jesus é um herege terrível: não é para orar no templo (como o bobo do Daniel creu), mas no seu quarto; a Deus se chama não de Senhor, mas de paizinho; no sábado o homem é livre... o dízimo, no termos que você coloca, é mais um elemento.

Mas Jesus nos Evangelhos está representado por modos distintos de "memória" (não creio em "memória" ali - é elaboração político-social programática): ora ele é um revolucionário que quer o trono (cf. a inscrição na cruz), ora, um "pacifista", ora, um rabino... Alguém pode fazer um saladão e inventar um outro Jesus-saladão, mas, por trás das "camadas" há outro, diferente de tudo isso ou ligado historicamente a uma dessas representações. Não a todas.

E esse Jesus dos dízimos neo-deuteronomistas... É real ou invenção da tradição. Mas... faz diferença?

Cleinton disse...

olá, osvaldo.
acho que sua posição não responde, pois ninguém é a mesma coisa o tempo todo. eu, por exemplo; quem me olha como acadêmico, acha que eu JAMAIS SERVIRIA PARA PASTOR, entende? tenho meus "momentos che", de pura revolução, mas tenho meus momentos pacifistas ao extremo, que o che também tinha de sobra. tenho meus momentos de detestar a igreja, mas tenho meus momentos de amá-la incondicionalmente. tem dias que eu amo o PT, tem dias que o odeio com todas as forças, ainda que não deixe de fechar com os "companheiros" nos pleitos. enfim, NINGUÉM É UMA COISA SÓ O TEMPO TODO, assim como NINGUÉM ENGANA A TODO MUNDO O TEMPO TODO. quanto ao dízimo, neo ou vetero testamentário, não me importo. afinal, não leio nem deuteronômio, nem malaquias e nem mateus ou lucas para falar dele. dízimo é sinal de amizade e fraternidade; a gente ama a comunidade e usufrui do que ela oferece; então, VAMOS CHEGAR JUNTO!

Molina disse...

Prezado irmão Osvaldo,
Seu texto foi também postado em .
Lá, ele causou algumas controvérsias, ou sei lá... na verdade acho que ninguém entendeu muito bem qual era a sua intenção com o texto (e eu também)!
Curioso, pesquisei e encontrei o seu blog e outros textos seus... ao que parece, suas opiniões são bem embasadas e coerentes, de forma que minha curiosidade aumenta para entender o que, de fato, você queria levantar com o seu texto sobre o dízimo e teologia da prosperidade...
Que tal dar uma passada por lá e, em resposta aos comentários lá postados, acrescentar algo mais para o entendimento do seu texto???
Um abraço e que Deus o abençoe!
---
MOLINA

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